2014-06-28

Trigueiros (Flores, Açores, Séc. XVI)








Por Frei Diogo das Chagas (1584?-1661?), frade franciscano e historiador açoriano que inventariou as famílias colonizadoras daquele arquipélago do Atlântico, sabemos da existência dos Trigueiros na Ilha das Flores, durante o século XVI. 
Como indiciam as relações de parentesco, descendiam dos primeiros Trigueiros de Torres Vedras, pois, como eles, também andavam ligados aos Furtado de Mendonça e aos Mendes de Vasconcelos.


O primeiro destes foi:

 1.      BRÁS TRIGUEIROS que, no dizer de Frei Diogo das Chagas (1584?-1661?), era natural do reino” e  foi
           "homem muito principal”.
          Casou com D. FRANCISCA MENDES DE VASCONCELOS, a qual era natural da cidade da Praia, na Ilha
          Terceira, Açores, 3.ª filha de Ascênsio Mendes de Vasconcelos[1].
          Tiveram:
          2.      PEDRO TRIGUEIROS VASCONCELOS, que segue.

2.       PEDRO TRIGUEIROS VASCONCELOScapitão.
          Casou com D. APOLÓNIA FURTADO DE MENDONÇA, filha de Tomé Furtado de Mendonça e de sua mu-
          lher de D. Branca Gomes[2].


Da mesma família, ainda ficamos a conhecer a existência de:

1.       D. MARIA TRIGUEIROS. Casou com MANUEL DE ALMEIDA, da freguesia de Santa Cruz das Flores, nos
          Açores[3].
          Filho:
          2.      BRÁS TRIGUEIROS2.º deste nome, que segue.

2.       BRÁS TRIGUEIROS, 2.º deste nome. 
          Casou com D. MARIANA DE FRAGA, filha de Antão de Mendonça e de sua mulher D. Izenda de Fraga,
          da freguesia de N. Sra. do Pilar dos Cedros, concelho de Santa Cruz da Flores, nos Açores[4].
          Cedros foi elevada a paróquia a 9-VII-1693, sendo o seu primeiro pároco Domingos Furtado Mendonça,
          hipotéticol parente dos anteriores.
          Filhos:
Ilha das Flores, Igreja de
São Caetano da Lomba.
          3.      MANUEL DE MENDONÇA TRIGUEIROS (c. 1741), eclesiástico, o qual fez
                   Habilitação de Genere a 9-VI-1741[5].
                   Dotou o seu irmão António José Furtado Trigueiros (c. 1755), por escri-
                   tura de 16-I-1755.
          3.      ANTÓNIO JOSÉ FURTADO TRIGUEIROS (c. 1755), também eclesiástico
                   como seu irmão, veio a ser reitor de São Caetano da Lomba, freguesia
                   da costa oeste-sueste da ilha das Flores.
                   Foi dotado por seu irmão Manuel de Mendonça Trigueiros (c. 1741) numa
                   escritura lavrada a 16-I-1755[6].
          3.      D. ROSA JUSEFINA PORCIÚNCULA. Casou com o capitão ANTÓNIO DE
                   FREITAS RAMOS, filho de João Rodrigues Ramos e de sua mulher D.
                   Susana Pimentel[7].
                   Filho:
                   4.      FRANCISCO DE MENDONÇA RAMOS (c. 1791)natural da fregue-
                            sia de Santa Cruz, ilha das Flores, nos Açores.
                            Foi dotado por seus tios maternos, os padres Manuel de Mendonça Trigueiros (c. 1741) e
                            António José Furtado Trigueiros (c. 1755), os quais para esse efeito fizeram uma escritura
                            conjunta a 3-VI-1791[8].


          E ainda:

1.       ANTÓNIO FURTADO TRIGUEIROS (c. 1733)[9], um dos vários homónimos que houve nesta família.
Casou com D. FRANCISCA DOS SANTOSfilha de D. Maria Rodrigues (irmã de Francisco Coelho). 
Sabemos que estes compraram bens ao Capitão António Rodrigues Furtado por escritura datada de 8-IX-1733, e com eles dotaram GASPAR FURTADO[10].
Filho:
2.       ANTÓNIO FURTADO TRIGUEIROS (c. 1753), homónimo de seu pai, que segue.

2.     ANTÓNIO FURTADO TRIGUEIROS (c. 1758). Casou com sua prima D. LUZIA DE JESUSfilha de José Lourenço, neta de Luzia Rodrigues, e bisneta de Francisco Coelho.
Para casarem obtiveram dispensa matrimonial de 3º e 4º grau de consanguinidade a 23-VII-1758, e residiram na freguesia das Lajes das Flores, na ilha das Flores, nos Açores.
O parentesco deste casal deve-se ao facto de Maria Rodrigues (avó do nubente António), ser irmão de Francisco Coelho (bisavó da nubente Luzia).
Isto é, de Maria Rodrigues nasceu Francisca dos Santos, a qual foi mãe de ANTÓNIO; do irmão Francisco Coelho nasceu Luzia Rodrigues, e desta nasceu José Lourenço que foi pai de LUZIA, segundo consta da respectiva dispensa matrimonial[11].
          
_______

Notas:

[1]    CHAGAS, Diogo das, Espelho Cristalino em Jardim de Várias Flores, Manuscrito da Bilioteca de Ponta Delgada (editado na Col. «Fontes para a História dos Açores», Ponta Delgada, SREC, 1987).
[2]    Diogo das Chagas, op. cit., p. 554. 
[3]    CAMPOS, Filipe Pinheiro de, Índices do Cartório da Mitra de Angra: Ilha das Flores«Atlântida», Instituto Açoriano de Cultura, Angra do Heroísmo, Vol. LV, 2010, p. 130. Habilitação de Genere de Manuel de Mendonça, seu neto.
[4]    Ibidem, pp. 120, 122, 130. –  A Habilitação de Genere junto do Tribunal Eclesiástico foi um instrumento oficial de inquirição de pureza de sangue através de um inquérito e respectiva sentença, necessária a quem pretendesse habilitar-se às ordens e aos cargos eclesiásticos, ou às carreiras administrativos. 
[5]    Ibidem, p. 130.
[6]    Ibidem, p. 120.
[7]    Ibidem, p. 122.  
[8]    Loc. cit.
[9]     Não confundir com ANTÓNIO JOSÉ FURTADO TRIGUEIROS (c. 1755), eclesiástico que veio a ser reitor de São Caetano da Lomba.
[10]   CAMPOS, Filipe Pinheiro de, op. cit., pp. 123, 132.
[11]   Ibidem, Filipe Pinheiro de, op. cit., p. 132.

2014-06-22

Trigueiros / Manzarra Marrocos (c. 1918) - Morgados de Idanha-a-Velha

(Lisboa, 1955)

Idanha-a-Velha, Casa Marrocos

12.      RADAMÉS TRIGUEIROS MARTEL SAMPAIO (n. 1893), nascido a 13-VII-1893 na freguesia de Santos-o-
          -Velho, em Lisboa, filho natural reconhecido de D. Amélia Palmira Soares e Sousa Trigueiros Martel
          Sampaio (1863-1946) com José se Sousa Loureiro (f. 1927). Era trineto paterno de João José Martins
          Pereira do Rego Goulão (n. 1758), nascido a 6-VIII-1758 em Castelo Branco, senhor do Solar dos Gou-
          lões em Alcains, fidalgo de cota de armas por carta de 20-III-1821, na qual lhe foi atribuído um brasão
          de armas partido em pala de PEREIRA e de REGO, e de sua mulher D. Maria Antónia Trigueiros Martel
          Rebelo Leite (n. 1770)[1].
          Tomou parte em várias campanhas militares em Moçambique, nomeadamente na Gorongosa e no
          Barué durante a 1.ª da Grande Guerra, as quais lhe valeram algumas medalhas, assim como foi chefe
          de gabinete de dois governadores do território de Manica e Sofala.
          Casou a 17-V-1924 na freguesia de Santa Maria da Feira, em Beja, com D. LÚCIA PALMA BRANCO (n. 
          1899), filha de Manuel Guerreiro Costa Branco e de sua mulher D. Bárbara Joaquina do Carmo Palma.
          Tiveram:
          13.     D. MARIA DE LOURDES PALMA BRANCO TRIGUEIROS MARTEL SAMPAIO (1925-1949), que se-
                    gue abaixo.
          13.     VASCO, falecido em criança na Zambézia.


Pedrógão de São Pedro,Casa Marrocos.
13.     D. MARIA DE LOURDES PALMA BRANCO TRIGUEIROS MARTEL
          SAMPAIO (1925-1949) que nasceu a 20-II-1925 na cidade da Beira,
          em Moçambique, e faleceu a 25-IX-1992 em Lisboa. 
          Casou a 23-XI-1949 em Fátima,Ourém, com FREDERICO CAPELO
          MANZARRA FRANCO MARROCOS (1918-1997), nascido a 4-X-1918
          na Casa Marrocos, em Idanha-a-Velha[2], e falecido a 10-XI-1997 em
          Lisboa.
          Este foi herdeiro da quase totalidade das terras do morgadio na fre-
          guesia de Idanha-a-Velha, assim como da Casa de Marrocos na fre-
          guesia de Pedrógão de São Pedro, no concelho de Penamacor,
          por falecimento prematuro dos dois irmãos: 1.º - Maria Alice Manzarra Marrocos (1906-1915), falecida a
          23-IX-1915 com nove anos de idade; e 2.º - António Capelo Manzarra Leitão Marrocos (1908?-1935),
          aluno de Geografia na Faculdade de Letras de Lisboa quando morreu em 1935 num acidente de auto-
          móvel junto a Tomar, tendo deixado uma pequena obra intitulada «Idanha-a-Velha: Estudo  Antropo-
          geográfico» (Famalicão: 1936), editada postumamente por iniciativa do Dr. Jaime Lopes Dias que a
          prefaciou, pois, segundo ele, o seu autor "… tinha muito a dar para o desenvolvimento da Beira Inte-
          rior e para o combate à miséria e pobreza, a avaliar pelas suas posições ideológicas".
Seu marido era filho herdeiro de António de Pádua e Silva Leitão Marrocos (1879-1957)[3], o “último morgado de Idanha-a-Velha[4], notável numismata[5], assim como coleccionador de antiguidades e de monumentos epigráficos recolhidos nas sua extensas propriedades, e de sua mulher D. Maria Emília Capelo Manzarra Franco (1882-1955), natural de Idanha-a-Nova, a qual tinha dois irmãos – o António Manzarra (do qual provêm os Salazar Manzarra) e o Frederico Manzarra
Este último casamento uniu famílias proeminentes e abastadas da Beira Baixa: os MARROCOS que eram morgados de Idanha-a-Velha, aos MANZARRA de Idanha-a-Nova, e aos FRANCOS da Capinha; todos detentores de vasto património de terras herdadas de gerações anteriores.
Era neto paterno de João dos Reis Leitão Marrocos, Morgado de Idanha-a-Velha, que foi casado com D. Maria Petronilha Teresa Ferreira (?); e neto materno de Jerónimo José Manzarra Franco que foi casado com D. Maria Rita Capelo da Fonseca (n. 1790).
Seu avô materno Jerónimo José Manzarra Franco[6], era filho de José Pedro Manzarra, e de sua mulher Maria Angélica Henriqueta Franco (1790-1824)[7]; quanto à sua avó paterna D. Maria Rita Capelo da Fonseca (n. 1790), era filha de José António da Cruz Capelo (n. 1820?), e de D. Benedita Capelo da Fonseca (n. 1816), de Proença-a-Velha.

Idanha-a-Velha, «Museu Lapidar».
António de Pádua e Silva Leitão Marrocos (1879-1957) fundou o «chamado "Museu Lapidar Egeditano" numa capela românica de antiga evocação a S. Sebastião e recuperada para o efeito. Aí se foram recolhendo lápides e outros materiais arqueológicos que iam aparecendo no decurso das actividades agrícolas, ao mesmo tempo salvaguardando a ida para Lisboa, destino esse que calhou a centenas de peças nos alvores do século XX. Com o começo das escavações por parte de D. Fernando de Almeida, a Sé é recuperada e para aí são enviadas as lápides do anterior Museu, assim como são reenviadas de Lisboa as peças que para lá tinham  ido»[8].
Tiveram:
14.     D. MARIA DA GRAÇA SAMPAIO MANZARRA MARROCOS (n. 1955), que segue abaixo.
14.     D. MARIA EMÍLIA SAMPAIO MANZARRA MARROCOS (n. 1957) nasceu a 23-IV-1957 em Idanha-a-Velha. Licenciada em Ciências Domésticas, em Madrid, Espanha. Solteira.
14.     D. MARIA DA CONCEIÇÃO SAMPAIO MANZARRA MARROCOS. Licenciada em farmácia, trabalha em gestão de projectos educativos. Solteira. 

14.   D. MARIA DA GRAÇA SAMPAIO MARROCOS (n. 1955) nasceu a 15-XI-1955 na Casa Marrocos em Idanha-a-Velha, no concelho de Idanha-a-Nova. Empresária agrícola, residente na Herdade da Granja de São Pedro, em Alcafozes, no concelho de Idanha-a-Nova.
         Casou a 22-III-1997, em Idanha-a-Nova, com ILÍDIO NEVES CARVALHO VITAL (n. 1952), nascido a 5-IX-1952 na freguesia do Rosmaninhal, concelho de Idanha-a-Nova.



Idanha-a-Velha.
Idanha-a-Velha, Casa de Marrocos.











Idanha-a-Velha.
Idanha-a-Velha.



Idanha-a-Velha.
Idanha-a-Velha.




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Notas:

[1]  D. Maria Antónia Trigueiros Martel Rebelo Leite ( n. 1770) era filha de Jerónimo Trigueiros Martel Rebelo Leite (1716-1796), capitão do Terço de Infantaria Auxiliar de Castelo Branco, e de sua segunda mulher D. Maria Angélica Marques Goulão (1725-1790).

[2]  Idanha-a-Velha foi fundada no século I a.C. e teve uma importância vital para o Império Romano que a muralhou entre os séculos III a IV para resistir às Invasões Bárbaras. Veio a ser conquistada pelos visigóticos que lhe edificaram a Catedral, o Palácio dos Bispos, o Paço episcopal e a Ponte de São Dâmaso. Posteriormente foi tomada e destruída pelos mouros (713), nunca mais alcançando o esplendor do passado. Foi reconquistada pelo Rei Afonso III de Leão, que a perdeu, tendo sido reconquistada pelo Rei D. Sancho I, e doada por D. Dinis à ordem de Cristo (1319).

[3]  António de Pádua e Silva Leitão Marrocos (1879-1957), nos anos 30 foi presidente da junta de freguesia de Idanha-a-Velha que, a qual por sua iniciativa se autonomizou em 1932 da freguesia de Alcafozes.

[4]   Assim respeitosamente tratado pela população local, apesar de ter nascido em 1879, já depois da extinção dos morgadios por força do decreto de 19-V-1863.

[5] Parte da sua colecção de moedas portuguesas foi apresentada na «Exposição do mundo Português» (1940).

[6] JERÓNIMO JOSÉ MANZARRA FRANCO, nascido nos finais do século XVIII, viria a ter descendentes homónomos em gerações posteriores, os quais ainda detêm em Idanha-a-Nova a «Ganadaria Jerónimo José Manzarra Franco».

[7] MARIA ANGÉLICA HENRIQUETA FRANCO (1790-1824), era filha de JOÃO ANTÓNIO FRANCO RIBEIRO LEITÃO (n. 1764), nascido a 2-VII-1764 na Capinha, concelho do Fundão, e casado a 2-VII-1786 nas Quintãs, com sua mulher D. TERESA LUÍSA DA COSTA FONSECA (n. 1766), nascida a 22-II-1766 nas Quintãs, Salgueiro, no concelho do Fundão.

[8] Joaquim Baptista, «Por terras do Rei Wamba»
      in. http://porterrasdoreiwamba.blogspot.pt/2007/02/museografia-de-idanha-velha.html.