2021-02-28

D. Mariana Bárbara Trigueiros Martel (1794-1880), Escalos de Baixo, Idanha-a-Nova, 1794.



Brasão de Armas de
João José Martins Pereira do Rego Goulão
(1758).
Partido de PEREIRA e REGO;
Timbre de Pereira.
(CBA de 20-III-1821)

1.    D. MARIANA BÁRBARA TRIGUEIROS MARTEL (1794-1880)[1], era um dos dez filhos de João José Martins
       Pereira do Rego Goulão (n. 1758) e de sua mulher de D. Maria Antónia do Rego Trigueiros Martel Rebelo
       Leite (n. 1770). 

Joaquim Trigueiros Martel
(1801-1873),
1.º Conde de Castelo Branco.
Joaquim Trigueiros Martel
(1801-1873).
Esquartelado: REGO, TRIGUEIROS,
MARTEL, e PEREIRA.
Nasceu a 5-II-1794 em Idanha-a-Nova onde foi baptizada a 17-III-1794, apadrinhado por Joaquim Trigueiros da Silva Leite. Faleceu já viúva aos 87 anos de idade a 16-XI-1880 na freguesia de Escalos de Baixo, concelho de Idanha-a-Nova, onde foi sepultada no cemitério público, tendo feito testamento e deixando cinco filhos.
Dos dez irmãos de D. Mariana Bárbara, o que mais se notabilizou foi JOAQUIM TRIGUEIROS MARTEL (1801-1873), 1.º Conde de Castelo Branco, por carta régia de 3-VI-1870, o qual em 1828 residia no Solar dos Goulões em Alcains (actual Museu do Canteiro / Centro Cultural de Alcains), quando este foi atacado por forças populares radicais ligadas ao Vintismo. Também residiu em Castelo Branco e em Sarnadas onde tinha casa e era grande proprietário[2].               

Alcains, Solar dos Goulões
(Museu do Canteiro)
               JOÃO JOSÉ MARTINS PEREIRA DO REGO GOULÃO (n. 1758),
               seu pai, nasceu a 6-VIII-1758 em Castelo Branco e foi membro do
               Conselho de Distrito de Castelo Branco, no qual foi um dos gran-
               grandes proprietários e onde tinha avultado património fundiário
               e diversas casas, nomeadamente em Idanha-a-Nova, Sarnadas e
               Alcains, localidade onde residia no Solar dos Goulões, o actual
               Museu do Canteiro e um dos antigos exemplares da arquictura
               solarenga desta localidade.
               Os Goulões foram uma das famílias influentes e poderosas de
               Alcains, a cuja paróquia, ao longo de várias gerações, deram inú-
               inúmeros sacerdotes[3].

Teve brasão de armas por carta de 20-III-1821, com um escudo partido em pala de PEREIRA e de REGO. Timbre de Pereira[4].

Era filho de José Martins Pereira Goulão (n. 1725), capitão-mor das Ordenanças de Castelo Branco, casado a 12-VII-1756 com D. Joana Bernarda do Rego Teles Carmona[5]; neto paterno de Manuel Fernandes de Sena Branco (n. 1701), proprietário e sargento-mor das Ordenanças de Castelo Branco, nascido a 30-IV-1730 em Sarnadas de Ródão, Vila Velha de Ródão, casado a 13-X-1723 em Alcains, Castelo Branco, com D. Inês Pereira Goulão (1688-1746)[6], nascida a 11-II-1688 em Castelo Branco, e falecida a 13-XI-1740 em Sarnadas de Ródão, Vila Velha de Ródão; e neto materno de António Fernandes Carmona, e de sua mulher D. Maria Custódia do Rego.

João José M. P. R. Goulão (n. 1758), foi casado com D. MARIA ANTÓNIA DO REGO TRIGUEIROS MARTEL REBELO LEITE (n. 1770), nascida a 28-IV-1770 na freguesia de Nossa Senhora da Conceição em Idanha-a-Nova e aí baptizada a 28-V-1770, filha de Jerónimo Trigueiros Martel Rebelo Leite (1716-1792) nascido a 30-IX-1716 em Idanha-a-Nova onde foi baptizado a 19-IX-1716, proprietário e capitão do Terço de Infantaria Auxiliar de Castelo Branco[7], o qual veio a falecer a 12-III-1792 em Idanha-a-Nova onde foi sepultado no antigo Convento de Santo António, casado nas segundas núpcias de ambos com D. Maria Angélica Marques Goulão (1725-1790), nascida a 19-XII-1725 em Idanha-a-Nova e aí baptizada a 26-XII-1725, falecida a 16-V-1790 em Idanha-a-Nova e sepultada no Convento de Santo António; e neta paterna de Simão Rebelo Martel (1660?-1722)[8], natural do Porto, “escrivão do judicial de Juiz de Fora do Porto” por carta de 19-I-1689[9], cidade onde foi sargento-mor de Ordenanças e posteriormente a sargento-mor da Cavalaria de Penamacor, tendo então tomado parte na Guerra da Sucessão em Espanha pelo que «fora na expedição da Guerra da Catalunha [1707-1712]»[10], tendo falecido a 5-IX-1722 em Idanha-a-Nova, onde «foi sepultado na Matriz desta villa donde era freguês», no posto de «sargento maior de cavalaria reformado», o qual foi casado a 2-VIII-1714 em Idanha-a-Nova, em cerimónia oficiada por frei Manuel Rodrigues Corugeiro, e teve por testemunhas Diogo da Silva Toscano, o qual seguiu os apelidos maternos e era irmão de Simão Rebelo Martel, e ainda seu pai Jorge Trigueiros da Costa, com D. Isabel Trigueiros da Costa (1688-1768)[11], homónima de sua tia, baptizada a 13-XI-1688 na Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Idanha-a-Nova pelo vigário Frei Miguel Rodrigues Goulão, tendo por padrinhos o Dr. Domingos Marques Giraldes e sua tia Maria Nunes Calvo[12], falecida a 15-II-1768 em Idanha-a-Nova onde foi sepultada dentro da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição.

O pai de D. Maria Antónia, JERÓNIMO TRIGUEIROS MARTEL REBELO LEITE (1716-1792)[13], nasceu a 30-IX-1716 em Idanha-a-Nova onde foi baptizado a 19-IX-1716 por frei Manuel Rodrigues Corugeiro, tendo por padrinho o seu tio Jorge Trigueiros. Capitão do Terço de Infantaria Auxiliar de Castelo Branco e proprietário[14], veio a falecer a 12-III-1792 em Idanha-a-Nova, onde foi sepultado no Convento de Santo António e dispôs no seu testamento. 
Casou duas vezes.
As suas primeiras núpcias foram com sua prima D. CONSTANÇA NUNES MONSERRATE (f. 1762), filha de Manuel Afonso Monserrate e de sua mulher D. Maria Nunes da Silva, ou Maria Nunes Calvo, falecida com testamento a 19-I-1762 em Idanha-a-Nova onde foi sepultada no Convento de Santo António, o antigo Convento de São Francisco[15]. Sem geração[16].
As segundas núpcias, com 45 anos de idade, celebraram-se a 17-IV-1762 em Idanha-a-Nova com D. MARIA ANGÉLICA MARQUES GOULÃO (1725-1790), então com 35 anos de idade, nascida a 19-XII-1725 em Idanha-a-Nova onde foi baptizada a 26-XII-1725 pelo padre Domingos Nunes, tendo por padrinhos o padre Manuel Vaz e sua irmã Francisca Marques, naturais de Escalos de Cima. Sua segunda mulher faleceu a 16-V-1790 em Idanha-a-Nova com testamento, e aí foi sepultada no Convento de Santo António. Era filha de Domingos Ambrósio (n. 1707), sargento-mor das Ordenanças de Idanha-a-Nova onde nasceu a 8-VIII-1707, casado a 21-I-1725 em Escalos de Cima no concelho de Castelo Branco com D. Maria Marques Goulão (n. 1697), homónima de sua mãe, nascida a 23-IV-1697 em Escalos de Cima, os quais, juntamente com o padre Manuel Vaz intituiram um morgado a 13-IV-1751 a favor de sua filha e sobrinha Maria Angélica Marques Goulão para esta casar com o seu primeiro marido; neta paterna de Domingos Lopes Ambrósio (c. 1695)[17], capitão das Ordenanças de Idanha-a-Nova, já viúvo de Maria da Trindade, e de sua segunda mulher Leonor Fernandes, ambos naturais de Idanha-a-Nova; e neta materna de Domingos Vaz Rato, nascido em Escalos de Cima, casado a 25-IV-1688 com D. Maria Marques Goulão (1670-1766), nascida a 6-III-1670 em Alcains[18], falecida com testamento a 12-XII-1766 em Idanha-a-Nova, onde foi sepultada «dentro da igreja dos Religiosos de Santo António desta vila». D. Maria Angélica foi casada em primeiras núpcias a 18-VI-1751 em Idanha-a-Nova, nas segundas núpcias do Dr. Bartolomeu Franco Português de Moura, natural da vila do Fundão, viúvo de D. Josefa Teresa Saraiva, de Tondela, filho do Dr. Pedro Barreiros de Moura e de D. Maria Antónia Franco Português.

 

Alcains, Escalos de Baixo,
Casa do tenente-coronel
Nicolau Teles N. Guedelha (1788-1862).
D. Mariana Bárbara Trigueiros Martel (1794-1880) casou a 14-II-1820 com NICOLAU TELES NUNES GUEDELHA , proprietário agrícola nascido a 7-X-1788 na freguesia de Escalos de Baixo, concelho de Castelo Branco, onde faleceu a 18-IX-1862. Seguiu a carreira das armas num dos períodos militarmente mais conturbados que fustigaram duramente o distrito de Castelo Branco, quer durante as Invasões Francesas, quer no auge do Miguelismo e da Guerra Civil.

Este assentou praça e jurou bandeira a 14-I-1809 e em 1811 era tenente-capitão, em 15-VI-1832 passou a major da Companhia de Granadeiros de Idanha-a-Nova, na qual atingiu a patente de tenente-coronel (Arquivo Histórico Militar).

Foi eleito vereador para a Câmara de Castelo Branco nos anos de 1825, 1836, 1848-49, e 1852-53.

Seu marido Nicolau T. N. Guedelha (1788-1862) era filho de Domingos Nunes Guedelha (1743-1794), homónimo de seu pai, nascido em 1743 em Escalos de Baixo, onde faleceu a 7-X-1794, e de sua mulher em segundas núpcias D. Ana de São José Teles Barroso, natural de Penamacor, a qual seria filha do capitão Nicolau Teles que foi casado com Maria Esteves Barroso.

Era neto paterno de Domingos Nunes Guedelha (n. 1672?), homónimo de seu filho, nascido por volta de 1672, o qual ainda solteiro e com 36 anos de idade mais ou menos, fez a sua habilitação para o Santo Ofício a 13-II-1708, o qual seguiu a carreia militar e foi alferes na praça militar de Monsaraz, capitão de uma companhia do terço de infantaria auxiliar da comarca de Castelo Branco, notabilizando-se na longa Guerra da Restauração pela sua participação nos combates de Pedra Luz, Estorninho, Albergaria, Sarça, Moraleira, Vale Verde, Cheleiros e Salvaterra, tendo sido casado com D. Cecília Marques, natural de Escalos de Baixo, filha de Estevão Nunes e de D. Maria Marques, naturais de Escalos de Baixo onde viviam de suas lavouras[19].

Este Domingos Nunes Guedelha foi irmão do notável Pedro Nunes de Sousa Guedelha (1659-1719)[20].

Tiveram:

2.    JOÃO TELES TRIGUEIROS (1822-1886), que segue abaixo.

2.    JOSÉ TELES TRIGUEIROS (1822-1892), irmão gémeo do anterior que nasceu a 20-3-1822 na freguesia de Escalos de Baixo, Castelo Branco, onde foi baptizado a 7-3-1823, e onde residiu. Foi eleito vereador para a Câmara de Castelo Branco nos anos de 1821, 872-73. Casou com MARIA DUARTE, da qual teve geração, que desconhecemos.

2.    MARIA DO CARMO TRIGUEIROS MARTEL (n. 1826), nasceu a 7-IX-1826 na freguesia de Escalos de Baixo, onde foi baptizada a 21-IX-1826 pelo padre Fr. Valentim José Neto, tendo por padrinhos Leonardo António Goulão, assistente em Sarnadas, e sua tia D. Joana Trigueiros do Rego Martel, e por testemunhas Francisco José Leandro e João José Proença.

2.    DOMINGOS TELES TRIGUEIROS (n. 1830), militar, nasceu a 10-VIII-1830 na freguesia de Escalos de Baixo onde foi baptizado a 23-VIII-1830 pelo padre Fr. Valentim José Neto, apadrinhado por Simão Trigueiros do Rego Martel (n. 1807) e sua irmã D. Maria Adelaide Trigueiros (n. 1799) «tios maternos do baptizado», e por testemunhas Francisco José Leandro e José Teles do Rego. Casou com D. ANA PESTANA DE SAMPAIO DA FONSECA E EÇA (n. 1837), nascida em Génova, Itália, a 23-VII-1837, filha de Manuel Bernardes Pestana Goulão (n. 1796), nascido a 9-IV-1796 em Vila Velha de Ródão, e falecido em Nisa, o qual embarcou no navio Stag em Sines a 1-VII-1834 para acompanhar D. Miguel ao seu exílio em Génova após a Convenção de Évora Monte, e de sua mulher D. Maria Cristina Sampaio da Fonseca e Eça (n. 1801), nascida 29-V-1801; neta paterna de António Joaquim Pestana (1764-1846), sargento-mor de Ordenanças de Vila Velha de Ródão, nascido em 1764 em Monte Claro, Nisa, e de sua mulher Joana Bernarda Doroteia de São Paulo Goulão (1764-1814), nascida a 17-IX-1764 em Alcains.

2.    MARIA DA PIEDADE TELES TRIGUEIROS (n. 1832) nasceu a 26-IX-1832 na freguesia de Escalos de Baixo, onde foi baptizada a 10-X-1832, tendo por padrinhos José Pereira e D. Maria do Carmo. 

2.   JOÃO TELES TRIGUEIROS (1822-1886), ou JOÃO TELES TRIGUEIROS DO REGO MARTEL (1822-1886) como também aparece mencionado em diversa documentação. 

D. Carolina Cândida
Geraldes de Melo
(1837-1915).

João Teles Trigueiros
(1822-1886).
        Foi juiz desembargador, nascido a 20-3-1822 na fregue-
        sia de Escalos de Baixo, concelho de Castelo Branco,
        onde foi baptizado a 7-3-1823 na Igreja de São Silvestre,
        tendo por padrinhos Simão Trigueiros do Rego Martel
        (n. 1807) e por D. Doroteia Trigueiros Martel (n. 1803). 
        Faleceu a 19-IX-1886 na sua casa do Largo do Calvário, 
        em Aldeia Nova do Cabo, no concelho do Fundão.
        Proprietário em Escalos de Baixo, matriculou-se em
        Direito na Universidade de Coimbra a 20-X-1841, na qual
        obteve o grau de Bacharel a 23-VI-1845, concluindo a
        formatura a 14VI-1848. 
        Seguiu a carreira da magistratura. Inicialmente foi dele-
        gado do Procurador Régio e, mais tarde, juiz em Loulé
        (1852), Ourique (1853), Sabugal (1854), Portalegre (1860),
        Celorico da Beira (1862), Sertã (1865), Fundão (1866),
        Coimbra (1875) , Viseu (1880) e, por fim, juiz desembargador da Relação de Lisboa.

Casou a 26-VIII-1850 em Escalos de Baixo com D. CAROLINA CÂNDIDA GERALDES DE MELO (1837-1915)[21], proprietária nas freguesias de Aldeia de Joanes e de Aldeia Nova do Cabo, no concelho do Fundão, onde tinha uma casa alpendrada junto à Capela do Calvário – Casa do Calvário –, e em Escalos de Baixo. Esta nasceu a 18-I-1836 em Almeida onde foi baptizada a 29-I-1836 e teve por padrinho Nuno Brandão de Castro (n. 1805?)[22], de Ponte de Lima, capitão de Caçadores do Regimento de Infantaria n.º 21 (1833), herói da Causa do Liberalismo e camarada de armas de seu pai, e por madrinha D. Ana Celina.

Faleceu a 18-II-1915 na sua casa da rua do Eiró em Escalos de Baixo, onde foi sepultada no jazigo de seu genro o capitão António Augusto de Azevedo, tendo deixado uma herança de 18 prédios agrícolas aos seus herdeiros.

Era filha natural de José António Geraldes de Melo Coutinho (f. 1841)[23], tenente do Regimento de Infantaria n.º 21 (1833), o qual, à data do nascimento da sua filha estava a prestar serviço na Divisão Auxiliar a Espanha, e era natural de Aldeia Nova do Cabo, Fundão, tendo falecido solteiro a 12-VII-1841 em Castelo Branco em cujo cemitério foi sepultado, e de D. Maria da Encarnação dos Anjos, natural do Porto.

Era neta paterna de Manuel António Geraldes Leitão Coutinho de Melo (n. 1766), nascido a 28-IV-1766 em Aldeia Nova do Cabo, proprietário nessa freguesia e em Idanha-a-Nova, descendente dos morgados dos Geraldes que deram origem aos marqueses da Graciosa em Idanha-a-Nova, e de sua mulher D. Angélica Leocádia de Oliveira Fonseca Coutinho Botelho, natural de Penamacor; e neta materna de José Joaquim Gonçalves, natural de Santo Tirso, e de sua mulher D. Maria José, natural do Porto.

Tiveram:

3.     JOSÉ MARIA TELES TRIGUEIROS DE MELO (n. 1854), que segue abaixo.

3.   D. MARIA LIBÉRIA TRIGUEIROS MARTEL (1856-1907), casada com Joaquim Augusto de Oliveira Leitão (1854-1909), tenente-coronel de Cavalaria, com geração[24].

3.    D. CONCEIÇÃO TELES TRIGUEIROS GERALDES DE MELO, natural de Escalos de Baixo, casada com ANTÓNIO AUGUSTO DE AZEVEDO, capitão do exército. Ambos faleceram sem geração, em Escalos de Baixo, onde foram sepultados no jazigo de família do cemitério público desta freguesia.

3.     D. RICARDINA TELES TRIGUEIROS (f. 1934), que faleceu a 11-2-1934 na sua casa da freguesia de Pêro Viseu, no concelho do Fundão. Casou com CÉSAR AUGUSTO CALDAS E QUADROS (1866-1937), formado em Direito, conservador do Registo Civil do Fundão (1911-1936), proprietário na freguesia de Pêro Viseu, concelho do Fundão, nascido a 27-VIII-1866 no Castelejo , concelho do Fundão, falecido a 2-I-1937 na sua casa de Pêro Viseu, situada junto da Igreja Matriz, filho de José de Matos Caldas e Quadros, natural do Castelejo, casado com sua prima D. Maria do Patrocínio Caldas e Quadros, natural de Pêro Viseu; neto paterno de José de Matos, do Castelejo, e de sua prima co-irmã D. Ana Bárbara Caldas e Quadros (n. 1787), nascida a 4-V-1787) em Alcongosta; e neto materno de José Paulo Caldas (f. 1859), de Pêro Viseu, casado com sua prima co-irmã D. Leonarda Josefina Caldas e Quadros (n. 1791), nascida a 23-XII-1791 em Alcongosta. César Augusto licenciou-se em Direito pela Universidade de Coimbra a 24-VII-1893. A sua casa nesta aldeia situava-se ao lado da Igreja e veio posteriormente a ser adquirida com a finalidade de aí ser instalada a Casa Paroquial. Não tiveram geração, pelo que o Dr. César fez testamento no qual legou uma habitação a uma sua empregada doméstica e designou para seu universal herdeiro um jovem afilhado que foi criado na sua casa.

José de Melo Geraldes Cajado
(f. 1904), e D. Maria do Carmo
Teles Trigueiros (f. 1936).
        3.    D. MARIA DO CARMO TELES TRIGUEIROS (f. 1936), casada com seu
                primo José de Melo Geraldes Cajado (f. 1904).

3.   JOSÉ MARIA TELES TRIGUEIROS DE MELO (n. 1854), nasceu a 31-VI-1854 em Aldeia Nova do Cabo, concelho do Fundão, onde foi baptizado a 9-IX-1854 tendo por padrinhos João António de Melo e D. Rita Leocádia Geraldes de Melo.

    Bacharel em Direito pela universidade de Coimbra (03-VII-1878), foi delegado do Procurador Régio e juiz em várias comarcas, tais como na Ilha de São Jorge nos Açores (1882), em Almeida, em Almada (1888), em Benavente (1899), e em Caldas da Raínha (1900).

Casou duas vezes.

     As suas primeiras núpcias foram celebradas com sua prima D. MARIA MARGARIDA DE MELO GERALDES CAJADO (1855-1888), nascida em 1855 e falecida prematuramente em Cacilhas, Almada, sem geração.

Esta era filha de Joaquim Cajado Geraldes de Melo (1813?-1887), proprietário, nascido por volta de 1813 em Idanha-a-Nova, onde faleceu a 15-II-1887 na Rua da Praça, casado a 28-IX-1843 em Idanha-a-Nova com D. Antónia Ludovina Leitão (1816-1892), proprietária, nascida em 1816 em Pedrógão Pequeno, Sertã, e falecida a 16-VI-1892 na Rua da Praça em Idanha-a-Nova; neta paterna de Francisco António de  Paula Geraldes de Melo Coutinho (c. 1805), nascido em Aldeia Nova do Cabo, Fundão, casado a 1-XII-1805 em Idanha-a-Nova com sua tia D. Maria Margarida Geraldes de Melo Coutinho (n. 1775) , nascida a 27-XI-1775 em Idanha-a-Nova; e neta materna de António José Leitão (f. 1850) , proprietário, natural de Pedrógão, concelho de Penamacor, o qual faleceu a 26-VII-1850 em Idanha-a-Nova, e era casado com D. Maria Lopes Xisto, natural de Idanha-a-Nova.

       As segundas núpcias, quando contava 41 anos de idade e após o falecimento de sua 1.ª mulher, foram celebradas a 26-XI-1896 na igreja paroquial de Idanha-a-Nova com a sua sobrinha D. MARIA ISABEL DE MELO CAJADO TRIGUEIROS (1874-1900), de 22 anos, tendo por padrinhos o doutor João Baptista Meireles, solteiro, médico do Partido Municipal, D. Clara da Fonseca Vaz Preto, viúva, João José Trigueiros de Aragão e Costa, solteiro, e D. Maria do Carmo Teles Trigueiros, casada, todos abastados proprietários e moradores em Idanha-a-Nova. Sua segunda mulher era filha de José de Melo Geraldes Cajado (f. 1904) e de sua prima D. Maria do Carmo Teles Trigueiros (f. 1936).

       Filhos do 2.º casamento:

4.    MARIA (1898-1900), nasceu 22-XII-1898 na freguesia de Idanha-a-Nova, em cuja igreja paroquial foi baptizada a 23-III-1899, tendo por padrinhos José de Melo Geraldes Cajado, casado, e D. Maria do Carmo Teles Trigueiros de Melo Martel, casada. Faleceu a 30-VII-1900 na Rua do Adro em Idanha-a-Nova, quando contava 19 meses de idade, tendo recebido sepultura no cemitério público.

4.  D. MARIA GERALDES DE MELO TRIGUEIROS (1901-1975), nasceu a 31-VIII-1901 em Idanha-a-Nova, em cuja igreja paroquial foi baptizada a19-X-1901, apadrinhada por José de Melo Geraldes Cajado, proprietário, casado, e por D. Maria do Carmo Teles Trigueiros de Melo Martel, casada. Faleceu em 1975.

Foi senhora de um apreciável património fundiário e várias casas; entre elas a Casa do Calvário em Aldeia Nova, no concelho do Fundão, e a casa da rua do Adro, em Idanha a Nova.

Casou a 23-X-1925 com ISIDORO JOAQUIM FERREIRA PINTO (f. 1968), falecido a 20-IX-1968, proprietário agrícola em Idanha-a-Nova, onde era senhor da Herdade da Cachouça.

Tiveram geração que seguiu os apelidos PINTO DA SILVA, entre outros.



Notas:

[1]   D. MARIANA BÁRBARA TRIGUEIROS MARTEL (1794-1880) era tetravó de João Trigueiros, o autor destas notas. o
[2]  JOAQUIM TRIGUEIROS MARTEL (1801-1873), 1.º Conde de Castelo Branco, em cujo distrito foi grande proprietário rurai, nomeadamente em Sarnadas de Ródão onde tinha uma grande casa, e na freguesia de Alfrivida. Foi general da Arma de Cavalaria (1866), Par do Reino (carta de 28-XII-1871), e pertenceu ao Conselho de D. Pedro V, e de D. Luís I, do qual foi ajudante de campo honorário. Pelas suas convicções liberais, foi forçado a emigrar para Inglaterra, pela Galiza, e depois para a Ilha Terceira onde se reuniu o exército liberal para se incorporar nas forças militares de D. Pedro. Como militar foi um dos heróis da Causa Liberal, o qual desembarcado com o exército libertador em Pampelino, próximo da Praia do Mindelo a 8-VII-1832. Distinguiu-se pela sua bravura em diversos recontros, nomeadamente na batalha de Almoster a 18-II-1833, e na batalha de Asseiceira a 18-V-1833, na qual, após uma carga que efectuou sobre três esquadrões de cavalaria inimiga, aprisionou por esse golpe toda a artilharia das forças contrárias; assim como na Acção de Pernes a 30-I-1834, em que carregou vitoriosamente com o esquadrão do seu comando sobre o quadrado de infantaria das forças contrárias. Em 1837, durante a Revolta dos Marechais (12-VIII-1837) – contra o governo saído da Revolução de Setembro que substituiu a Constituição de 1822 pela Carta Constitucional de 1826 (outorgada por D. Pedro IV) –, seguiu o partido destes e foi separado do serviço em virtude da Convenção de Chaves. Com as mudanças subsequentes regressou ao serviço, retomando a carreira militar. 
Comandou as divisões militares de Lisboa, Estremoz e Castelo Branco, até que no dia 2-V-1844 foi decretado que o regimento de Cavalaria nº 8 em Castelo Branco ficasse sob o seu comando, sendo então edificado por sua iniciativa o novo Quartel de Cavalaria no Largo da Devesa. Foi promovido a General de Brigada em 1870, e em 1872 deixou por doença o comando da 1.ª Divisão Militar. Possuía várias condecorações: era grã-cruz da Ordem Militar de São Bento de Avis; comendador da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa; oficial da Ordem da Torre e Espada do Valor, Lealdade e Mérito; medalha das Campanhas da Liberdade, n.º 9; medalhas de ouro, de Valor Militar, Bons Serviços, Comportamento Exemplar. Tinha ainda as condecorações espanholas de grã-cruz da Ordem de Carlos III, e comendador da Real Ordem de Isabel a Católica.
Casou a 4-VII-1834 com sua prima D. MARIA JOSÉ PESTANA GOULÃO (n. 1803), nascida a 15-XI-1803 em Sarnadas de Ródão, concelho de Vila Velha de Ródão, filha de António Joaquim Pestana (1764-1846), natural de Monte Claro, Niza, proprietário, sargento-mor de Ordenanças de Vila Velha de Ródão, e de sua mulher D. Joana Bernarda Doroteia de São Paulo do Rego Teles Goulão (1764-1814), nascida a 17-IX-1764 em Alcains, concelho de Castelo Branco, onde veio a falecer em 1814.

[3]    A família Goulão de Alcains, deu a esta paróquia vários sacerdotes. A saber: Pe. Manuel Rodrigues Goulão (1683); António Rodrigues Goulão (1696); Frei Dr. Manuel Sanches Goulão (1708-1719), bispo de Meliapor; seu irmão Frei Dr. Martinho Pereira Goulão (1717-1741); Pe. Fr. Simão Sanches Martins Goulão; Pe. João Martins Goulão (1740); Pe. Estêvão da Cruz Goulão (1747); Pe. António Álvaro Goulão (1777); Pe. João Carlos Pereira Goulão (1787); Pe. João Pereira Goulão (1820); e Pe. Joaquim Pedro Goulão (1898).

[4]      ANTT, Cartório da Nobreza, Livro I, fl. 63 v.

[5]   JOSÉ MARTINS PEREIRA GOULÃO (n. 1725) e sua mulher D. JOANA BERNARDA DO REGO TELES CARMONA, tiveram: 1. João José, já mencionado; 2. Manuel Bernardo, cónego da Sé da Guarda; 3. Joana Doroteia de S. Paulo Goulão (1764-1814), casada com António Joaquim Pestana (1764-1846), sargento-mor das Ordenanças de Vila Velha de Ródão, proprietário c.g.; 4. Joaquim José, capitão-mor das Ordenanças de Castelo Branco, em cuja Câmara foi vereador em 1810, 1815, 1819 e 1824; 5. Domingos do Rego, religioso da Ordem de Santo Agostinho; 6. Leonardo António, cónego regular de Santo Agostinho.

[6]     INÊS PEREIRA GOULÃO (1688-1746), era filha de José Martins Goulão (1649-1716), sargento-mor das Ordenanças de Castelo Branco com grandes serviços prestados durante a invasão espanhola de 1704, casado em segundas núpcias com D. Ana Pereira (f. 1755), falecida a 18-IV-1755 e sepultada em Alcains na capela de Nossa Senhora da Piedade (actualmente denominada de São Brás) e anexa ao Solar dos Goulões, que ela própria mandou edificar em 1725 de harmonia com a última vontade do seu enteado D. Manuel Sanches Goulão (1677-1719), bispo de Meliapor, expressa em testamento por este feito em Lisboa a 5-IV-1719, pelo qual também instituiu um hospital que funcionou a partir de 1725, numa casa situada perto do solar, o qual deu o nome à «Rua do Hospital»; neta paterna de Simão Martins Goulão (1593-1658), capitão, nascido a 7-XI-1593 em Castelo Branco, cidade onde faleceu a 29-XII-1658, e de sua primeira mulher D. Maria Sanches (1617-1673), nascida a 22-II-1617 em Alcains, Castelo Branco, cidade onde faleceu a 4-X-1673, tendo deixado doze filhos deste casamento; e neta materna de Bernardino Pereira (n. 1620), capitão, e de sua mulher Maria Esteves, naturais da Covilhã; bisneta paterna de António Martins Goulão (1568-1634), capitão, nascido em 1568 (?) em Alcains, Castelo Branco, onde faleceu a 27-VIII-16341, casado a 9-II-1592 em Alcains com D. Maria Gomes (1574?-1663), nascida por volta de 1574 e falecida a 20-II-1663 em Alcains, da qual teve nove filhos.

[7]   A reorganização militar operada para sustentar a Guerra da Restauração, após a declaração da independência em 1640, militarizou a população do reino em, basicamente, três escalões de tropas: 1.º - Exército de Linha, destinado à guerra de manobra nas fronteiras, organizado em terços de infantaria, com 200 soldados cada (num total de 20.000 infantes), provenientes de entre os filhos segundos (excepto os filhos de viúvas e lavradores); e companhias de cavalaria, de 100 ginetes cada (num total de 4.000 ginetes), com oficiais e soldados recrutados entre a nobreza; 2.º - Terços Auxiliares ou milícias, organizadas por 30 comarcas, vocacionados para guarnecer ou defender as praças fortes junto à fronteira, cada terço com 600 homens agrupados em 10 companhias de 60 homens, recrutados entre os filhos de viúvas e lavradores, comandados por um mestre de campo (coronel), e os respectivos sargentos-mores, capitães e alferes; 3.º - Companhias de Ordenanças, organizadas por comarcas, cada uma com 240 homens, as quais serviam fundamentalmente como depósitos de recrutamento e eram comandadas por um capitão-mor, com seu sargento-mor e dois ajudantes, geralmente fidalgos.

[8]     SIMÃO REBELO MARTEL (1660?-1722), era filho de António Rebelo Martel (n. 1640?) natural de Leça, Matosinhos, residente em Idanha-a-Nova, e de sua mulher D. Úrsula Isabel da Silva Toscano (n. 1640?) natural do Porto, provável parente de Cristóvão de Madureira que foi  comendador do Porto na Ordem de Cristo, o qual viveu algum tempo em Castelo Branco e foi casado com Guiomar Toscana, filha de Jorge Toscano e de sua mulher Antónia Toscano, supostos senhores da Quinta de Santa Cruz, na freguesia de Canelas, concelho de Penafiel. Destes deve ser parente Úrsula da Silva Toscano (n. 1640?). – Cfr. GAIO, Felgueiras, Nobiliário, Tít. «Azevedos», § 37, Vol. I, p. 564; e Tít. «Madureiras», § 2, 8, Vol. VII, p. 150; e Cristóvão Alão de Morais, Pedatura Lusitana, t. III, v. 2, p. 418. Estes Madureira Toscano, parecem ser os do antigo Morgadio da Quinta do Freixo, na freguesia de Guilhabreu, então no concelho da Maia e hoje no de Vila do Conde. Dos Toscano há a registar, na Beira: João Toscano de Sousa (c.1683), vigário da freguesia de Santa Maria, a actual Sé de Castelo Branco; e Pedro Toscano de Sousa, de Alpedrinha, casado com uma filha de Luís Taborda, que fundou a Misericórdia da mesma vila em 1630, para a qual deu a capela de S. Fernando. – in António Salvado Mota, Alpetrinienses Ilustres, 1929, Alpedrinha, p.129.

[9]     ANTT, Registo Geral de Mercês, D. Pedro II, Liv. 5, fl. 18v.

[10]  Segundo Manuel Álvares Piteiros (n.1700), de Idanha-a-Nova, declarou no Processo de Justificação de Nobreza de Joaquim Rebelo Trigueiros Martel Leite (Autos), p. 16 v.º.

[11]   D. ISABEL TRIGUEIROS DA COSTA (1688-1768), era filha de Jorge Trigueiros da Costa (1658-1704), baptizado a 7-IX-1658 na Igreja de São Tiago de Coimbra pelo padre Francisco Curado e apadrinhado pelo Doutor Luís Tavares. Nesta cidade de Coimbra «serviram de vereadores seus ascendentes e parentes colaterais». Fez habilitação para o Santo Ofício, obtendo a Carta de Familiar a 20-XI-1699 (ANTT, Cartório da Nobreza, Processo de Justificação de Nobreza de Joaquim Rebelo Trigueiros Martel Leite (Autos), Mç 22, Doc. 15; e ANTT, TSO, Inquisição de Coimbra, Carta de Familiar de 20-XI-1699, Mç 2, Diligência 55).
Seu pai JORGE TRIGUEIROS DA COSTA (1658-1704) veio residir em Idanha-a-Nova e faleceu a 16-VII-1704 na cidade de Alcântara, província de Cáceres, em Espanha, na qualidade de prisioneiro da Guerra da Sucessão deste país «captivo que foi pello inimigo constou que falleceo em Alcantara (…) como constou por ditto de sua mulher» e ficou registado no livro de óbitos de Idanha-a-Nova.
Casou a 29-X-1685 em Idanha-a-Nova com D. ISABEL NUNES CALVO (f. 1726), daí natural e aí falecida a 20-VIII-1726, em cuja igreja matriz foi sepultada. Foram testemunhas deste casamento o capitão António de Oliveira Lagarto e Francisco Nunes Piteiros (c. 1715).
Sua mulher era filha de Manuel Roiz Mestraires e de Maria Nunes Calvo (f. 1719), esta última falecida já viúva a 13-IX-1719 em Idanha-a-Nova, os quais eram «lavradores honrados que viviam de sua fazenda»; neta paterna de Manuel Martins Mestraires e de sua mulher Maria Fernandes Ovelheira, lavradores; e neta materna de António Afonso Calvo (c. 1631) e de sua mulher Isabel Gonçalves, os quais «viveram de suas fazendas» e eram naturais da freguesia de Nossa Senhora da Conceição em Idanha-a-Nova.

[12]   O padrinho Dr. Domingos Marques Giraldes, conselheiro da Fazenda, filho de Marçal Pires Leitão e de sua mulher Constança Marques Giraldes, era casado com Catarina Trigueiros (Cfr. Luís Bivar Guerra, A Casa da Graciosa, § - 7, p. 203)

[13]  No processo de Justificação de Nobreza de seu filho aparece também com o nome completo de Jerónimo Trigueiros Martel Toscano Silva.

[14]  A reorganização militar operada para sustentar a Guerra da Restauração, após a declaração da independência em 1640, militarizou a população do reino em, basicamente, três escalões de tropas: 1.º - Exército de Linha, destinado à guerra de manobra nas fronteiras, organizado em terços de infantaria, com 200 soldados cada (num total de 20.000 infantes), provenientes de entre os filhos segundos (excepto os filhos de viúvas e lavradores); e companhias de cavalaria, de 100 ginetes cada (num total de 4.000 ginetes), com oficiais e soldados recrutados entre a nobreza; 2.º - Terços Auxiliares ou milícias, organizadas por 30 comarcas, vocacionados para guarnecer ou defender as praças fortes junto à fronteira, cada terço com 600 homens agrupados em 10 companhias de 60 homens, recrutados entre os filhos de viúvas e lavradores, comandados por um mestre de campo (coronel), e os respectivos sargentos-mores, capitães e alferes; 3.º - Companhias de Ordenanças, organizadas por comarcas, cada uma com 240 homens, as quais serviam fundamentalmente como depósitos de recrutamento e eram comandadas por um capitão-mor, com seu sargento-mor e dois ajudantes, geralmente fidalgos.

[15]    O Convento de Santo António foi adquirido pela família Manzarra que o converteu em residência solarenga, afectando as suas duas capelas já dessacralizadas em celeiros agrícolas.

[16]    No mês de Setembro de 1762, nas operações da Guerra dos Sete Anos, os exércitos castelhanos invadem Portugal através dos concelhos de Idanha-a-Nova e Castelo Branco, onde fazem grandes pilhagens de casas e capelas, aí deixando um grande rasto de miséria e de luto. A análise da sazonalidade dos óbitos no concelho de Idanha-a-Nova, associada à guerra, indicia a existência de alguma epidemia de tipo estivo-outonal nos anos de 1760-63. – Cfr. Maria João Guardado Moreira, Vida e Morte no Concelho de Idanha-a-Nova, pp. 128-157.

[17]    Domingos Lopes Ambrósio, fez uma escritura de trespasse de juro no valor de 30.000 reis ao capitão-mor de Idanha-a-Nova Manuel Álvares Rico a 10-V-1695. Cfr. ANTT, Feitos Findos, Administração de Casas, mç. 99, nº 11, cx. 100. 

[18]    Cfr. Sanches Roque, Alcains e a sua História, p. 313.

[19]  DOMINGOS NUNES GUEDELHA (N. 1672?), segundo declara uma testemunha na sua habilitação para o Santo Ofício (f. 16v), este «teve uma criança de uma criada de casa, a qual é natural dos Escalos de baixo, mas não sabe se é viva ou morta, o que ele testemunha sabe por servir nesse tempo de juiz e lhe levarem a dita criança a Casa Do Meirinho, e Escrivão para se mandar dar a criar», a qual, segundo outra testemunha «era filha de uma moça solteira chamada Joana Marruja (…), a qual é filha de António Gonçalves e de Maria Gonçalves Maruja» (f. 21v).

[20]    PEDRO NUNES DE SOUSA GUEDELHA (1659-1719), foi desembargador e cavaleiro da Ordem de Cristo (1691), natural de Castelo Branco, com uma carreira pública relevante no reinado de D. João V. Formou-se em Cânones na Universidade de Coimbra (4-V-1685), foi juiz de fora de Mértola (1687-1690), ouvidor de Vila Real (1691), superintendente dos descaminhos da administração do Tabaco do Algarve (1697), desembargador da Relação do Porto (1697), cargo este que abandonou por ter sido nomeado administrador geral da Companhia Real da Guiné e Índias de Espanha em Cartagena (cidade do império espanhol na América do Sul), onde permanece por alguns anos fazendo jornadas ao Perú e às Índias Ocidentais Espanholas, após o que regressa a Portugal para ocupar o cargo de desembargador extraordinário da Casa da Suplicação (1705), ouvidor do Crime da Casa da Suplicação (1708), vereador do senado da Câmara de Lisboa (1712), e ter sido instituindo um morgado em cuja sucessão nomeou o Hospital da Misericórdia de Castelo Branco, cidade onde casou na freguesia de Santa Maria a 13-IX-1684 com D. Agostinha Teles Barroso de Sousa (f. 1702), filha do capitão João Teles, natural de Castelo Branco, e de sua mulher D. Maria Barroso, natural de Ferreira do Zêzere. Falecida sua primeira mulher, casou em segundas núpcias com D. Brites Maria Pessoa de Vasconcelos Spínola que em 1717 obteve uma tença de 60.000 réis. Fez testamento a 8-III-1717 no qual nomeou por testamenteiros sua mulher e Raimundo Manuel da Cunha, tendo falecido em 1719 na sua casa da Rua Nova de Jesus em Lisboa, sem filhos legítimos, com uma filha natural perfilhada que foi Cecília Marques.

[21]    Há dois assentos de baptismo de D. CARONINA CÂNDIDA. O primeiro deles, com este nome, foi anulado devido à não inclusão do nome da sua progenitora. O segundo registo corrige este lapso, mas apenas a nomeia como CAROLINA.

[22]    NUNO BRANDÃO DE CASTRO (n. 1805?), de Ponte de Lima, o padrinho de Carolina Cândida, casou com a açoriana D. Mariana Carolina Rebelo Borges de Castro (1806-1874), foi um glorioso e condecorado combatente da Causa do Liberal – Oficial da Ordem de Torre e Espada, em 1845 – que emigrou pela Galiza em direcção a Londres (1828), e daí para a ilha Terceira (1829) onde se concentraram as forças liberais, com as quais veio desembarcar na Praia do Mindelo a 8-VII-1832, após o que travou quase todos os combates até à derrota de D. Miguel (1834). Prestou serviço no Regimento de Infantaria n.º 21 quando foi promovido ao posto de Capitão (25-IX-1833), e veio a ser coronel graduado e tenente-rei da Praça de Abrantes (1853), terminando a carreira como comandante da subdivisão militar de Ponta Delgada (Açores). Aquando do nascimento de Carolina Cândida, este seu padrinho também teve um filho natural que foi Aristides Brandão de Castro (n.1836), nascido a 25-IV-1936 em Almeida, o qual seguiu a carreira militar.

[23]  JOSÉ ANTÓNIO GERALDES DE MELO COUTINHO (f. 1841), era irmão de Francisco António de Paula Geraldes de Melo Coutinho (c. 1805), nascido em Aldeia Nova do Cabo, casado com sua tia Maria Margarida Geraldes de Melo Cajado (n. 1775), nascida a 27-XI-1775 em Idanha-a-Nova. Por altura do nascimento desta sua filha Carolina Cândida, ele estava em Almeida integrado nas tropas portuguesas aqui reunidas (Ordem do Exército de 17-XI-1834) para se oporem ao levantamento dos partidários do pretendente absolutista D. Carlos de Espanha contra a rainha D. Isabel II (1.ª Guerra Carlista). Estas tropas passaram a Espanha com um exército de 6 mil efectivos e aí prestaram relevantes serviços, com destaque para a batalha de Arminon (País Basco, Espanha), após o que regressaram a Portugal em Setembro de 1837. 

[24]  D. MARIA LIBÉRIA TRIGUEIROS MARTEL (1856-1907), foi bisavó de João Trigueiros, autor destas notas.