Provedores das Alfândegas do Reino
(Lisboa, 1573)
Armas dos PRIVADOS, usadas pelos PÓVOAS. |
Os PÓVOAS, família bastante antiga que foi proeminente na cidade do Porto, descendem dos Albuquerques, dos Privados e dos Ferrazes.
O primeiro que se conhece deste apelido de origem toponímica é Gonçalo Anes das Póvoas, pai de Fernão Anes das Póvoas, o qual em 12-XII-1474 obteve licença de D. Afonso V para comprar a João Correia e a sua mulher D. Isabel de Castelo Branco o senhorio de Cunha-a-Velha, na Beira Alta.
Não têm brasão de armas próprio e usam as dos PRIVADOS, dos quais descendem: de ouro, com quatro bandas de vermelho. Timbre: um grifo de vermelho, alado e armado de ouro.
Um ramo desta família, por linha feminina, provém de ANTÓNIO TRIGUEIROS (c. 1500).
Vejamos:
1. D.
LUÍSA DE GÓIS TRIGUEIROS (c. 1560) que viveu em Torres Vedras. Era filha de ANTÓNIO TRIGUEIROS (c. 1500), fidalgo castelhano que passou
a Portugal em Outubro de 1500 no séquito da infanta D. Maria (1482-1517), filha
dos Reis Católicos e segunda mulher de D. Manuel I[1];
e de sua mulher D. JOANA DE GÓIS (c. 1510)[2], já era viúva a 7-X-1566 quando foi madrinha de um
baptizado realizado na Sé de Lisboa.
Casou com FRANCISCO DAS PÓVOAS (f. 1581), fidalgo da Casa Real, sucessor de pai no cargo de provedor e feitor-mor das Alfândegas do Reino, falecido a 27-X-1681 na freguesia da Sé em Lisboa, com testamento no qual «se mandou enterrar no Mostr.º do Carmo».
Casou com FRANCISCO DAS PÓVOAS (f. 1581), fidalgo da Casa Real, sucessor de pai no cargo de provedor e feitor-mor das Alfândegas do Reino, falecido a 27-X-1681 na freguesia da Sé em Lisboa, com testamento no qual «se mandou enterrar no Mostr.º do Carmo».
Igreja do Convento do Carmo. |
A
Capela de Nossa Senhora da Conceição no
Convento do Carmo – nome que lhe foi
dado por Álvaro Pacheco que a obteve por doação em 1537 – era anteriormente,
designada por Capela dos Santos Reis
(por ter um painel com a Adoração dos Magos) e ficava localizada no absidíolo
exterior da Epístola.
Tiveram:
2. DIOGO DAS PÓVOAS, que segue abaixo.
2. MANUEL DAS PÓVOAS (b.1565-1625), que foi cónego da Sé de Lisboa (1606), na qual foi baptizado a 7-I-1565, apadrinhado
por Manuel Correia e Luísa de Macedo, e aí crismado a 5-X-1577, juntamente com
seus irmãos. Escreveu a obra «Vita christi», publicada em Lisboa em 1614.
2. ANTÓNIO DAS PÓVOAS (1565-1594), capitão-mor
do Mar de Diu, recebeu o baptismo a 29-XI-1565 na Sé de Lisboa, tendo por
padrinho o seu tio Vicente Trigueiros (f. 1602), morador em Torres Vedras, e D.
Maior de Sequeira, mulher de António das Póvoas que foi juiz da Alfândega de
Diu (1546), ambos moradores à Horta de Santa Bárbara em Lisboa.
Foi crismado juntamente com seus irmãos a 5-X-1577 na Sé de Lisboa, e faleceu a 23-VI-1594 pelejando na nau Cinco Chagas, ao largo da ilha das Flores, nos Açores, quando regressava da Índia sob o comando de Francisco de Melo Canaveado[6].
Foi crismado juntamente com seus irmãos a 5-X-1577 na Sé de Lisboa, e faleceu a 23-VI-1594 pelejando na nau Cinco Chagas, ao largo da ilha das Flores, nos Açores, quando regressava da Índia sob o comando de Francisco de Melo Canaveado[6].
Nau Cinco Chagas,
Museum Greenwich Maritime. |
2. JOÃO DAS PÓVOAS (c. 1577), frade Dominicano que adoptou o nome religioso de Frei JOÃO DAS
CHAGAS e foi crismado juntamente com seus irmãos. Faleceu em casa do seu irmão Diogo em 25-
-IV-1609[7].
2. D. MARIA DAS PÓVOAS (c. 1598), crismada em
27-I-1598 na freguesia da Sé de Lisboa, juntamente
com seus irmãos. Casou com António da Silva, de Soure.
2. DIOGO DAS PÓVOAS, senhor da Casa e
ofício de seu pai, foi provedor-mor da Alfândega de Lisboa em 1609, cidade onde
morou na freguesia da Sé. Tinha
escravos cativos dos quais fazem menção os registos de óbito da citada
freguesia.
Casou com D. FILIPA DE SOUSA[8], filha de Lourenço da Veiga (1530-1581), 5.º
governador do Brasil de 12-IV-1577 a 17-VI-1580, falecido na Bahía em 1581[9]; neta paterna de Manuel Cabral da Veiga e de D.
Antónia de Lemos.
Tiveram:
Tiveram:
3. FRANCISCO
DAS PÓVOAS (1590-1600), filho primogénito bapti-
zado a 11-I-1590 na Sé de Lisboa por seu tio Diogo de Teive, apa-
drinhado por Vicente Trigueiros e D. Luísa. Faleceu «de peste»
ainda moço a 13-VIII-1600 na freguesia da Sé, em Lisboa, tendo
sido uma das muitas vítimas do surto que grassou nesta cidade
de 1598 a 1603.
3. LUÍS DAS PÓVOAS (n. 1597), que segue.
zado a 11-I-1590 na Sé de Lisboa por seu tio Diogo de Teive, apa-
drinhado por Vicente Trigueiros e D. Luísa. Faleceu «de peste»
ainda moço a 13-VIII-1600 na freguesia da Sé, em Lisboa, tendo
sido uma das muitas vítimas do surto que grassou nesta cidade
de 1598 a 1603.
3. LUÍS DAS PÓVOAS (n. 1597), que segue.
3. LUÍS DAS
PÓVOAS (n. 1597), baptizado a 22-9-1597 na Sé de Lisboa, tendo por padrinhos o
cónego da Sé de Lisboa que era seu tio Manuel das Póvoas, e D. Luísa, sobrinha
de sua mãe. Foi senhor da Casa e ofício de seu pai. Em 1607 aparece designado
como «filho morgado do sõr provedor da Alfândega» num assento de baptismo em que é padrinho.
Casou com D. ANTÓNIA DE MENESES (n. 1580), filha de Gaspar de Sousa (c.
1550), 10.º governador-geral do Brasil (1613-1617), 2.º Senhor do morgado de
Alcube, alcaide-mor de Meira, e de sua mulher D. Maria de Meneses (c. 1560);
neta paterna de Álvaro de Sousa (c. 1490), 1.º Senhor do morgado de Alcube, e
de sua mulher D. Francisca de Távora (c. 1520); e neta materna de D. João da
Costa (c. 1530)[10], comendador-mor da Ordem de Cristo, e de sua segunda
mulher D. Antónia de Meneses (c. 1540)[11].
4. DIOGO DAS POVOAS (c. 1644), do qual sua mãe D. Antónia de Meneses, moradora na Graça e já
viúva, era tutora em 1644, assim como senhora da Quinta da Marinha, ao Carregado, que viria a
pertencer D. João de Lencastre (1713-1765?), 1.º Conde da Lousã.
viúva, era tutora em 1644, assim como senhora da Quinta da Marinha, ao Carregado, que viria a
pertencer D. João de Lencastre (1713-1765?), 1.º Conde da Lousã.
________________
Notas:
[1] D. Manuel I (1469-1521) fez três casamentos: o
1.º em 1497 com D. Isabel de Castela (f. 1498), que morreu de parto; o 2.º em
1500 com D. Maria de Castela (f. 1517), irmã da sua primeira mulher, que o
monarca foi esperar à vila de Alcácer do Sal, onde esta princesa entrou a
30-X-1500, tendo falecido com 35 anos de idade; e o 3.º em 1518 com D. Leonor
de Espanha (f. 1521), filha de Filipe I de Castela, e da rainha D. Joana, sua cunhada.
Do 2.º casamento teve nove filhos, dos quais foram reis D. João III, o cardeal
D. Henrique, e a imperatriz D. Isabel que casou em 1526 com Carlos V.
[2] De Joana de Góis (c. 1510) desconhecemos a
progenitura. Hipoteticamente poderá ser parente de um Pedro de Góis (c. 1513)
morador em Óbidos, filho de Álvaro Gonçalves e de Leonor de Góis, irmão de Nuno
de Góis que foi alcaide-mor de Alenquer e ao qual D. Manuel I passou Carta de brasão
de armas (1513). – Cfr. Visconde Sanches de Baena, Archivo Heraldico-Genealogico, V. I, p.545.
[3] Deste
António das Póvoas e do seu terceiro casamento com D. Leonor de Azevedo,
descende um longínquo neto que se distinguiu na Beira Alta e foi ÁLVARO XAVIER
DA FONSECA COUTINHO PÓVOAS (1773-1852), o famoso «General Póvoas», natural da
cidade da Guarda, o qual foi um dos mais famosos estrategas miguelistas durante
as lutas liberais.
[4] Diogo das Póvoas casou com D. Mór Pacheco (f.
1565), da qual teve nove filhos: 1.º - António das Póvoas, casado com D. Maior
de Sequeira, c.g.; 2.º - Inácio das Póvoas, valoroso soldado que serviu na
Índia onde do seu casamento teve Diogo das Póvoas, falecido solteiro s.g., e
duas filhas que foram freiras em Santa Clara de Beja; 3.º - Francisco das
Póvoas, 1.º do nome, morto s.g.; 4.º - Manuel das Póvoas, frade Dominicano; 5.º
- Damião das Póvoas; 6.º - D. Mariana
das Póvoas, casada com António da Silva de Soure; 7.º - Inês das Póvoas, s.g.;
8.º - Isabel da Conceição, freira no Convento da Esperança; 9.º - Francisco das
Póvoas (f. 1681), 2.º do nome, casado com Luísa de Góis Trigueiros, que vai
biografada. – Cfr. GAIO, Felgueiras, Nobiliário,
Tít. «Póvoas», § 1, § 2, N 4, Vol. VIII, p. 604 (novamente com gralhas de
Figueiro em vez de Trigueiros).
[5] Edgar Prestage e
Pedro de Azevedo, Registos parochiais de
Lisboa, freguesia da Sé, vol. I (1563 a 1569), Coimbra, 1924, p.129.
[10] D. João da Costa (c. 1530), era filho de D.
Gil Eanes da Costa (c. 1500), embaixador em Castela no reinado do Imperador
Carlos V e Vedor da Fazenda do Rei D. Sebastião, e de sua mulher D. Joana da
Silva (c. 1500).
[11] D. Antónia de Meneses (c. 1540) era filha de
António Correia (c. 1510), alcaide-mor de Vila Franca de Xira, e de sua mulher
D. Maria de Meneses (c. 1515).
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