2011-03-08

ANTÓNIO TRIGUEIROS (c. 1550) - Morgado do Cano

Vila do Cano, Sousel, 1550


Vila do Cano, Pelourinho.

1.   ANTÓNIO TRIGUEIROS (c. 1550), natural de Torres Vedras, senhor de um morgado na Vila do Cano, então
     sede de concelho que actualmente pertence ao concelho de Sousel[1]
     Tanto quanto a cronologia nos permite supor, este seria filho, ou neto, homónimo do primeiro António Tri-
     gueiros (f. 1545?) de Torres Vedras. Faleceu sem testamento na Vila do Cano a 26-VIII-1615.
     Casou com sua prima D. MARIA DE BARROS, falecida na Vila do Cano; filha de Jorge de Barroscavaleiro-
     -fidalgo[2], e de sua mulher D. Domingas Trigueiros[3]
     Tiveram: 
     2.  D. LEONOR TRIGUEIROS DE BARROS[4]. Casou com CRISTÓVÃO PATO HENRIQUES (c. 1575)[5], 3.º
         morgado da Bandalhoeira[6], cavaleiro-fidalgo da Casa Real, que viveu em Torres Vedras numa sua casa
         na freguesia de São Pedro, e foi vereador desta vila.
         Este casamento foi feito por escritura de arras outorgada em Monte Redondo em 16-IV-1601, na qual a
         noiva foi dotada com os casais de Monte Redondo, de A-dos-Cunhados e Vale Sapato  no seu conjunto
         
o chamado Morgado dos Trigueiros (?)  obrigando-se o noivo com os bens que lhe deixaram os seus
         pais, nos quais se incluía a vetusta Quinta do Espanhol onde tinham morado.
         Este casal reuniu um imenso património constituido pelo morgado dos Patos da Bandalhoeira, aumenta-
         do com os bens dos Trigueiros, as Quintas do Espanhol e da Manteigosa, as casas da freguesia de São
         Pedro de Torres Vedras, e os bens deixados pelo tabelião de Torres Vedras João Leitão Trigueiros com a
         sua Capela no Convento do Varatojo, aos quais juntaria o morgado da Vila do Cano no Alentejo. 
         O seu marido foi um dos três filhos do casamento de Afonso Pato Henriques (c. 1550) com sua mulher
         D. Luísa Caldeira Pimentel [7]; era neto paterno de Inácio Pato (c. 1518), escudeiro, residente em Torres
         Vedras, onde faleceu e foi sepultado na capela-mor da igreja da Azueira, no cocelho de Mafra, casado
         com D. Joana Henriques; neto materno de Francisco Dias Pimentel, senhor da Quinta do Espanholna
         freguesia de Carmões, em Torres Vedras, e de sua mulher Filipa Caldeira. 
    2.  MANUEL TRIGUEIROS DE BARROS, que segue. 

2.   MANUEL TRIGUEIROS DE BARROS[8], morgado da Vila do Cano. Casou com D. JOANA DE CÁCERES, fi-
    lha de Cristóvão Rodrigues de Cáceres e de sua mulher D. Leonor Vaz, todos naturais da Vila do Cano.
    Tiveram: 
    3.  JORGE TRIGUEIROS DE BARROS (f. 1641), morgado da Vila do Cano, matriculado em Leis (15-X-1627) e
         em Cânones (15-X-1631) na Universidade de Coimbra onde se formou a 25-VI-1633. Faleceu a 2-VI-1641
         em Santa Justa, Lisboa. Sem geração.
    3.  Frei CRISTÓVÃO TRIGUEIROS (c. 1657), ao qual a 13-IV-1657 foi passada carta de benefício simples na
         Igreja Matriz de São Miguel, da vila de Aveiro[9], e no ano de 1666 fez testamento cujo original se acha
         no arquivo da Casa Cordovil em Évora[10]. 
    3.  D. MARIA DE BARROS (c. 1636), que fez testamento em 1636[11]. Faleceu solteira. 
    3.  D. LEONOR TRIGUEIROS DE BARROS (c. 1653), que segue. 

3.  D. LEONOR TRIGUEIROS DE BARROS (c. 1653). Casou na vila do Cano, Sousel, com escritura de dote da-
    tada de 1653[12], nas primeiras núpcias de DIOGO DE BRITO DE LACERDA (1632-1701), nascido em 1632
    em Évora, provedor dos Canos da Água de Prata por mercê de D. Pedro II, cavaleiro da Ordem de Cristo
    em 20-I-1654, o qual obteve uma pensão de 20$000 réis por Alvará de 27-III-1666[13], e foi familiar do San-
    to Oficio em 12-VI-1668[14], assim como procurador às Cortes por três vezes.
    Seu marido era filho de Bartolomeu de Brito de Lacerda (c. 1615), cavaleiro-fidalgo com 1$600 réis de mo-
    radia por Alvará de 16-VII-1684[15], e ainda provedor dos mesmos Canos da Água de Prata por compra que
    fez, e de sua mulher D. Clara de Lacerda (f. 1664), falecida a 25-XI-1664; neto paterno de Diogo de Brito e de
    sua mulher D. Ana Coelho (c. 1590); neto materno de António de Freitas (c. 1575) que foi moço-de-câmara
    do infante D. Duarte (1572) e do rei D. Sebastião (1579), o qual foi casado com D. Guiomar Arnaut (f. 1636). 
    Tiveram: 
    4.  BARTOLOMEU DE BRITO DE LACERDA (n. 1654), proprietário do ofício de provedor dos Canos da Água
        de Prata em Évora, por morte de seu pai e mercê de D. Pedro II.
        Com doze anos apenas foi cavaleiro da Ordem de Cristo a 29-X-1666, com autorização excepcional por
        El-Rei em virtude dos serviços prestados por seu pai, assim como teve o foro de cavaleiro-fidalgo em
        16-VII-1684, por mercê de D. Pedro II.
        Faleceu solteiro, sem geração, pouco depois do seu progenitor, pelo que o citado ofício de provedor de
        Canos passou a seu primo o Dr. Francisco Cordovil de Brito Mouzinho (n. 1658), por Alvará do mesmo
        monarca datado de 1703. 
    4.  CRISTÓVÃO DE BRITO LACERDA, eclesiástico, prior de São Pedro e desembargador da Relação Ecle-
        siástica de Évora.


Canos da Água de Prata, Évora.



Canos da Água de Prata, Évora.




Notas:

[1] Nunca se conseguiu apurar documentalmente a ligação deste António Trigueiros (da Vila do Cano), com o primeiro António Trigueiros (de Torres Vedras), porém existe grande proximidade de parentesco entre eles (neto?)… A filha deste último, de nome Leonor Trigueiros, foi dotada com os casais de Monte Redondo, de A-dos-Cunhados e Vale de Sapato que uniu ao morgado dos Patos da Bandalhoeira.

[2] Jorge de Barros era provavelmente um dos muitos que com este nome houve na família dos morgados de Santa Iria da Azóia, em cuja igreja Matriz instituíram para panteão familiar uma capela renascença. Estes Barros eram descendentes dos Mendes de Vasconcelos que foram morgados do Esporão, dos Alarcões de Torres Vedras, e dos Teles de Meneses que foram alcaides da Covilhã.

[3] D. Domingas Trigueiros foi irmã de Leonor Trigueiros casada com João Leitão, cavaleiro-fidalgo que fez testamento em 1580, no qual se depreende ter deixado as seguintes quatro filhas: 1.ª - Maria Trigueiros; 2.ª - Margarida Trigueiros, c.c. João Franca de Brito, os quais instituíram o prazo da Quinta da Manteigosa (1575), junto à Ponte do Rol; 3.ª - Antónia Trigueiros; e a 4.ª - Ana Trigueiros.

[4] GAIO, Felgueiras, Nobiliário, Tít. «Patos», Vol. VIII, p. 85-87, § 8, N. 6-12, § 9, N. 7-12; e Costados 51 e 88 v.º; XII, p. 94-95, 148 (com gralhas de Figueira em vez de Trigueiros, e Vila do Conde em vez de Vila do Cano).

[5] GAIO, Felgueiras, Nobiliário, Tít. «Patos», § 8-10, Vol. VIII, p. 85-87. – Com correcções.

[6] O Morgado do Pato da Quinta da Bandalhoeira foi instituído em 1592 por Duarte Vaz Pato, na freguesia da Azueira, no concelho de Mafra.

[7] Afonso Pato Henriques (c. 1550) e sua mulher D. Luísa Caldeira Pimentel tiveram: 1. Inácio Pato Henriques, que foi casado com D. Filipa do Quental; 2. Afonso Pato Henriques; 3. Clara Henriques.

[8] Cfr. AZEVEDO, Marcelo Olavo Corrêa de, «Um Ramo dos Britos de Évora», In Raízes & Memórias, n.º 3, pp. 121-125.

[9] IAN/TT, Chancelaria da Ordem de Avis, L. 14, fl. 656 v.

[10] ADE, Testamento de Frei Cristóvão Trigueiros, 1666, Família Cordovil, Proç. 122, cx. 36, 4 fl.

[11] ADE, Testamento de Maria de Barros, 1636, Família Cordovil, Proc. 97, Cx. 36.

[12] ADE, Dote de Casamento de Diogo de Brito Lacerda, 1653, Família Cordovil, Proç. 12, Cx. 8.

[13] IAN/TT, Registo Geral de Mercês, Ordens, L. 7, fl. 48.

[14] IAN/TT, Tribunal do Santo Ofício, Conselho Geral, Habilitações, Diogo, Mç. 4, doc. 116.

[15] IAN/TT, Registo Geral Mercês, D. Pedro II, L. 2, fl. 209.

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