1. JOÃO TRIGUEIROS (c. 1545), natural de Torres Vedras, era filho de ANTÓNIO TRIGUEIROS (f. 1545?), fidalgo castelhano que passou a Portugal em Outubro de 1500 no séquito da infanta D. Maria (1482-1517), filha dos Reis Católicos e segunda mulher de D. Manuel I[1], o qual serviu como escrivão de cozinha e moço de câmara os reis D. Manuel I e D. João III[2], e de sua mulher D. JOANA DE GÓIS (c. 1510)[3].
A 30-VI-1545, na sua casa de Torres Vedras e na presença de sua mãe Joana de Góis, então viúva, foi lavrado o documento que instituiu a «Capela de António Trigueiros e Joana de Góis, e seus herdeiros» para sepultura destes na Colegiada de São Pedro de Torres Vedras.
Cavaleiro professo da Ordem de Cristo[4], escrivão dos Contos e Almoxarifados da Beira no reinado de D. Manuel I[5]. Serviu muitos anos na Índia e foi nomeado juiz da Alfândega de Goa por três anos[6]. Capitaneou, sucessivamente, as naus São Francisco (1583-1584), São Filipe (1586-1587) e São Cristóvão (1591-1593).Como capitão da nau São Francisco largou o Tejo com destino à Índia em 8-IV-1583, integrado numa armada de 5 naus e 1 galeão sob as ordens do capitão-mor António de Melo e Castro. As outras naus eram capitaneadas por Fernão da Veiga, Baltasar Marcos, Estevão Alvo, e Manoel de Medeiros.
Ao comando da nau São Filipe fez parte de outra armada que partiu de Lisboa a 12-IV-1586, sob o comando do capitão-mor D. Jerónimo Coutinho. As outras naus eram capitaneadas por Miguel de Abreu, António Gomes de Góis, Francisco Cavalheiro, João Gago de Andrade, e quase todas tiveram trágicos destinos, quer por excesso de carga quer por condições de tempo adversas.
Drake, ao tomar a nau São Filipe e em relação à sua tripulação, «deo liberdade que de seus caixões levassem o que sobre suas pessoas pudessem de vestidos, e que se lhe não impedisse, e assim houve homem, que sobre si levou dous vestidos, e pedraria, e outras couzas, e até colchas e alcatifas tiraram em voltas en escravos, e quando desembarcaram na Ilha Terceira de uma urca, em que mandou lançar a gente, ataviada de todo o necessário, não pareciam roubados, senão que desembarcavam da sua nao com muito gosto; posto que o capitão João Trigueiros não quiz sahir senão com o seo vestido do mar, de panno de Portugal…»[8].
A nau de João Trigueiros desgarrou-se desta esquadra, como tantas vezes sucedia, e chegou isolado a Moçambique já fora da época de passar à Índia. Em Moçambique foi decidido carregar os seus porões com a valiosa carga que aí se encontrava, proveniente da São Lourenço capitaneada por Reimão Falcão que naufragara no regresso da Índia.
No ano seguinte (1587) inicia a viagem de retorno que ficou registada na história naval devido ao facto de ter combatido sozinho uma armada de nove barcos inimigos comandados pelo famoso corsário inglês Francis Drake (1540-1596).
Avistado e cercado ao largo dos Açores, apesar de à partida saber que seria vencido devido à grande desigualdade de meios, ofereceu com a artilharia de que dispunha uma tenaz resistência. Esta não evitou ao fim de algumas horas de combate com vários mortos e feridos a tomada e o saque das riquezas transportadas pela nau São Filipe, as quais foram levadas para Londres e aí renderam 108.049 libras[7].
A galhardia com que se bateu, juntamente com toda a tripulação, levou Drake a tratá-lo com alguma dignidade, deixando partir os portugueses com tudo o que pudessem levar no corpo e cedendo-lhes um patacho com o qual se dirigiram à ilha Terceira nos Açores.
Sir Francis Drake (1540-1596) |
Avistado e cercado ao largo dos Açores, apesar de à partida saber que seria vencido devido à grande desigualdade de meios, ofereceu com a artilharia de que dispunha uma tenaz resistência. Esta não evitou ao fim de algumas horas de combate com vários mortos e feridos a tomada e o saque das riquezas transportadas pela nau São Filipe, as quais foram levadas para Londres e aí renderam 108.049 libras[7].
A galhardia com que se bateu, juntamente com toda a tripulação, levou Drake a tratá-lo com alguma dignidade, deixando partir os portugueses com tudo o que pudessem levar no corpo e cedendo-lhes um patacho com o qual se dirigiram à ilha Terceira nos Açores.
«Tendo deixado Plymouth a 12 de Abril de 1587, Drake dirigiu-se para a costa portuguesa, provavelmente na intenção de fazer presas nas imediações de Lisboa e do cabo de São Vicente e em Junho ir para os Açores esperar os navios vindos das Américas e das Índias. (…) Em finais de Junho, tomou o rumo dos Açores. A nau São Filipe, de que era capitão João Trigueiros, fizera parte da armada da Índia de 1586. (…) Tendo saído de Moçambique em finais de Dezembro, só em princípios de Julho do ano seguinte conseguiu esta alcançar os Açores. Certa manhã, encontrando-se um pouco a norte da ilha de São Miguel, foram avistadas no horizonte nove velas que, de imediato, a começaram a perseguir. Tratava-se, nada mais, nada menos, do que o grosso da armada de Drake que acabava de chegar aos Açores e a quem a Fortuna oferecia de mão beijada uma nau que vinha antes do tempo, sozinha e carregada de riquezas! Apesar da desproporção das forças, João Trigueiros mandou ocupar os postos de combate e preparou-se animosamente para fazer frente aos inimigos que, a breve trecho, reconheceu serem ingleses, conforme, de resto já devia suspeitar. Dispondo de navios mais ligeiros, foram-se aqueles chegando até ao alcance de tiro e, perante a recusa da nossa nau em amainar, abriram fogo. Várias horas, deverá ter durado o duelo de artilharia com evidente superioridade dos ingleses, tanto pelo número e pela qualidade das peças de que dispunha como também pela perícia com que as usavam. A nau portuguesa ficou com o aparelho destroçado e sofreu vários mortos e feridos. Entre os mortos figurava o mestre, o que teve consequências funestas, porque desmoralizou os marinheiros, passando a manobra da nau a fazer-se de uma forma errática. Quanto ás baixas e aos estragos que os navios de Drake possam ter sofrido, nada se sabe. Por fim, vendo João Trigueiros o seu navio praticamente paralisado e que os ingleses não se dispunham a abordá-lo, antes continuavam a bombardeá-lo incessantemente, provocando-lhe cada vez mais estragos e baixas, entendeu que nada mais havia a fazer e decidiu render-se. Em resultado da galhardia com que os portugueses se haviam batido, apesar de à partida saberem que seriam vencidos, Drake tratou-os bem e cedeu-lhes mesmo um patacho em que pudessem seguir viagem para Lisboa. De posse da São Filipe, resolveu aquele, prudentemente, dar por findo o cruzeiro aos Açores e regressar sem mais delongas a Inglaterra. (…) A chegada da São Filipe a Plymouth encheu de assombro os Ingleses, não só pelo valor da carga que transportava mas também pelas suas dimensões e pela excelência da sua construção. Para cúmulo da satisfação dos captores, haviam sido encontradas a bordo da nau portuguesa documentos onde eram descritos em pormenor os complicados mecanismos do nosso comércio no Oriente. Terá sido da sua leitura que terá nascido na mente dos comerciantes ingleses a ideia de também mandarem lá navios, o que viria a acontecer alguns anos mais tarde»[9].
Em Maio de 1588 acha-se no galeão São Bernardo, ao comando de uma companhia de 190 homens, com o qual integra a malograda expedição da Armada Invencível que se dirige a Inglaterra[10].
Alguns anos depois, capitaneando a nau São Cristóvão, juntou-se a mais outra armada de 5 naus e 1 galeão que demandaram a Índia em 4-IV-1591, tendo por capitão-mor Fernão de Mendonça Furtado. Os outros capitães eram Simão Vaz Telo, António Teixeira de Macedo e Julião de Faria. A viagem de retorno foi iniciada em 17-VII-1592, sendo a sua nau a única que chegou a salvo a Lisboa, tendo as outras desaparecido ou sido tomadas de assalto pela armada Inglesa.
A 20-II-1613 é nomeado por Carta de Sua Majestade ao bispo D. Pedro de Castilho, para o ofício de Provedor da Fazenda nas Ilhas dos Açores onde tratou da reedificação da Vila da Praia, na Ilha Terceira, após o terramoto de 24-V-1614[11].
Casou com D. BRITES DIAS CALDEIRA, filha bastarda de Manuel Caldeirão (f. 1593)[12], o qual desenvolveu uma intensa actividade mercantil e financeira no domínio do comércio de escravos, tendo sido tesoureiro-mor dos almoxarifados do Reino, feitor de D. João III, cavaleiro da Ordem de Cristo (1565), fidalgo da Casa Real (1589), «cujo foro lhe deu o Rey Felipe segundo por elle se obrigar a por correntes todos os annos cinco naos p.ª a india dando-lhe 40 mil cruzados … e 16 m. cada anno», e foi morgado da Caldeira[13], vínculo que instituiu em 1592 com algumas casas nobres que possuía na Rua da Caldeira, na freguesia de Santa Catarina, em Lisboa[14].
Casou com D. BRITES DIAS CALDEIRA, filha bastarda de Manuel Caldeirão (f. 1593)[12], o qual desenvolveu uma intensa actividade mercantil e financeira no domínio do comércio de escravos, tendo sido tesoureiro-mor dos almoxarifados do Reino, feitor de D. João III, cavaleiro da Ordem de Cristo (1565), fidalgo da Casa Real (1589), «cujo foro lhe deu o Rey Felipe segundo por elle se obrigar a por correntes todos os annos cinco naos p.ª a india dando-lhe 40 mil cruzados … e 16 m. cada anno», e foi morgado da Caldeira[13], vínculo que instituiu em 1592 com algumas casas nobres que possuía na Rua da Caldeira, na freguesia de Santa Catarina, em Lisboa[14].
2. MIGUEL TRIGUEIROS (c. 1617)[16], mamposteiro-mor da Rendição dos Cativos da Ilha de São Miguel, nos
Açores, por Carta de 20-VI-1657[17].
Casou a 12-IV-1617 na Igreja Matriz de Ponta Delgada com D. CLARA GONDIM DA SILVEIRA, natural da ci-
dade Ponta Delgada, na Ilha de São Miguel, nos Açores; filha de Domingos de Aguiar, cavaleiro-fidalgo, e
de D. Isabel Gondim da Cunha[18]. Tiveram geração.
Açores, por Carta de 20-VI-1657[17].
Casou a 12-IV-1617 na Igreja Matriz de Ponta Delgada com D. CLARA GONDIM DA SILVEIRA, natural da ci-
dade Ponta Delgada, na Ilha de São Miguel, nos Açores; filha de Domingos de Aguiar, cavaleiro-fidalgo, e
de D. Isabel Gondim da Cunha[18]. Tiveram geração.
2. D. MARIA TRIGUEIROS (c. 1636). Casou com seu primo TRISTÃO VAZ DA VEIGA CABRAL (c. 1525), 2.º
Senhor do morgado da Torre do Lumiar, então um arrabalde de Lisboa, capitão de uma companhia de
Ordenanças de Lisboa, o qual foi à Índia em 1525 capitaneando a nau Santa Maria.
Senhor do morgado da Torre do Lumiar, então um arrabalde de Lisboa, capitão de uma companhia de
Ordenanças de Lisboa, o qual foi à Índia em 1525 capitaneando a nau Santa Maria.
2. D. ANTÓNIA TRIGUEIROS (c. 1640).
2. LOPO TRIGUEIROS (c. 1604), natural de Lisboa, casado com D. ANTÓNIA DE ABREU. Em 1604 morava naQuinta da Macheia, junto a de Matacães, concelho de Torres Vedras.
Notas:
[1] D. Manuel I (1469-1521) fez três casamentos: o 1.º, em 1497, com D. Isabel de Castela (f. 1498), que morreu de parto; o 2.º, em 1500, com D. Maria de Castela (f. 1517), irmã da sua primeira mulher, que o monarca foi esperar à vila de Alcácer do Sal, onde esta princesa entrou a 30-X-1500, tendo falecido com 35 anos de idade; e o 3.º, em 1518, com D. Leonor de Espanha (f. 1521), filha de Filipe I, de Castela, e da rainha D. Joana, sua cunhada. Do 2.º casamento teve nove filhos, dos quais foram reis D. João III, o cardeal D. Henrique, e a imperatriz D. Isabel que casou em 1526 com Carlos V.
[2] Era escrivão de cozinha de D. Manuel I (in IAN/TT, Moradias da Casa Real, Mç 2, Liv. 1, p. 12 v.) e moço de câmara de D. João III (Ibid., Mç 4, L. 4, p. 208).
[3] De Joana de Góis (c. 1510) desconhecemos a progenitura mas hipoteticamente poderá ser parente de um Pedro de Góis (c. 1513), morador em Óbidos, filho de Álvaro Gonçalves e de Leonor de Góis, irmão de Nuno de Góis, alcaide-mor de Alenquer, que por Carta de D. Manuel datada de 1513 teve brasão de armas. – Cfr. Visconde Sanches de Baena, Archivo Heraldico-Genealogico, V. I, p. 545.
[4] VENTURA, Maria da Graça A. Mateus, Negreiros Portugueses nas Rotas das Índias da Castela (1541-1556), «Testamento de Manuel Caldeira», p. 147.
[5] IAN/TT, Chancelaria de D. Manuel, L. 3, p. 6. – Devido à repetida existência de indivíduos homónimos nesta família, temos algumas dúvidas sobre alguns dados biográficos aqui fornecidos, para os quais desde já alertamos o leitor.
[6] IAN/TT, Chancelaria de Filipe I, L. 12, f. 129v.
[7] MATOSO, António G., Compêndio de História de Portugal, p. 283.
[8] Como consta na História trágico-marítima, uma relação de notícias de naufrágios, reunidos por Bernardo Gomes de Brito, e publicados em dois tomos em 1735 e 1736 (Cf. BRITO, Bernardo Gomes de (1688-1759), História trágico-marítima, Lisboa, Escriptorio, 1904-1909).
[9] MONTEIRO, Saturnino, Batalhas e Combates da Marinha Portuguesa, vol. IV, pp. 181-184.
[10] SALGADO, Augusto; e VAZ, João Pedro, Invencível Armada – A Participação Portuguesa, p. 51, 54.
[11] Cfr. Biblioteca da Ajuda, Cod. 51-VIII-6, n.º 514, fl. 174; e MALDONADO, Manuel Luís, Fénix Angrence, vol. III, pp. 43-44.
[12] Os CALDEIRÕES, ou CALDEIRAS, como alguns dos seu descendentes também usaram este apelido, entraram em Portugal no tempo do rei D. Manuel I. Um dos mais antigos que se conhece é Manuel Caldeirão, fidalgo da Casa Real, filho de André Álvares Caldeirão e de sua mulher e prima Brites Caldeirão, ambos naturais das Astúrias e residentes em Setúbal. Manuel Caldeirão de sua mulher D. Guiomar Caldeirão, teve quinze filhos: 1.º - Francisco Caldeirão (c. 1550), sucessor da Casa de seu pai, fidalgo da Casa Real, lente de Direito na Faculdade de Salamanca e de Coimbra, desembargador dos Agravos, c.c. D. Leonor Manuel de Noronha, sua prima, da qual teve numerosa descendência; 2.º - André Caldeirão (c. 1540), fidalgo da Casa Real e comendador de S. Fagundo, que ficou cativo em África com D. Sebastião e se resgatou à sua custa, c.c. D. Catarina da Silva (c. 1540), filha de Lopo Furtado Mendonça (c. 1500), comendador de Loulé, e de sua mulher D. Luísa da Silva (c. 1500), s.g.; 3.º - Rodrigo Caldeirão, c.c. D. Catarina de Noronha, filha de D. João de Noronha, s.g.; 4.º - Paulo Caldeirão, c.c. D. Ana de Noronha, filha de D. João de Noronha (c. 1490) e de D. Maria de Gouveia, c.g.; 5.º - João Caldeirão (c. 1520), c.c. D. Catarina Corte-Real, s.g.; 6.º - Duarte Caldeirão, capitão em Angola, s.g.; 7.º - Bento Rodrigues Caldeirão, que faleceu em Martim, Barcelos s.g.; 8.º - Duarte Caldeirão, 2.º deste nome, s.m.n.; 9.º - António Caldeirão, clérigo; 10.º - D. Brites Caldeirão (c. 1560), dama da Infanta D. Maria, c.c. Luís Mendes de Vasconcelos, filho de João Mendes de Vasconcelos (c. 1530), 3.º Morgado do Esporão, s.g. do seu casamento; 11.º - D. Leonor Caldeirão (c. 1560), c.c. Jerónimo da Veiga Cabral, fidalgo da Casa Real e senhor do morgado da Torre do Lumiar, então um arrabalde de Lisboa (tiveram Tristão Vaz da Veiga, c.c. Maria Trigueiros); 12.º - D. Filipa, freira no Convento de Odivelas; 13.º - D. Jerónima; 14.º - D. Maria Manuel; 15.º - D. Brites Caldeira c.c. João Trigueiros (c.1580). Os CALDEIRÕES usaram em Portugal e Espanha, onde o apelido é Calderon, o seguinte brasão de armas: De prata, com cinco caldeiras de negro; bordadura de vermelho, carregada de oito aspas de ouro. Timbre: uma caldeira do escudo. – Cfr. GAIO, Felgueiras, Nobiliário, Tít. «Caldeiroens», § 1, N 2, Vol. III, p. 208.
[13] Os Morgadios são uma instituição medieval que, segundo alguns autores, resultaram da fusão do Direito Romano com o dos «antigos godos». A maior parte deles foram instituídos com o fim de perpetuarem o apelido e as armas de uma família ilustre ou o nome dos fundadores, quase sempre sepultados em panteões ou capelas familiares à sua custa edificadas, com vários encargos piedosos pelas almas dos antepassados. Eram formados de um conjunto patrimonial inalienável, administrado por um usufrutuário – o morgado – que era, regra geral, o varão primogénito. Esta instituição permitia a subsistência da família com um nível económico e um estatuto social elevado, deixando os outros filhos em estado de dependência face ao chefe de linhagem. Um morgado distingue-se de uma capela devido à finalidade das funções definidas à data da sua fundação. Temos um morgado quando a maior parte do rendimento dos bens vinculados é destinado ao herdeiro, sendo a parte destinada a obrigações piedosas de um montante muito mais pequeno. Temos uma capela quando os encargos com as obras piedosas absorvem a maior parte do rendimento dos mesmos bens. Os morgadios foram definitivamente extintos por decreto de 19-V-1863, com a excepção da Casa de Bragança que durou até à implantação da República em 1910.
[14] GAIO, Felgueiras, Nobiliário, Tít. «Caldeiroens», § 1, N 2, Vol. III, p. 208.
[15] BNL, Index das Notas de Vários Tabeliães de Lisboa, Tomo 2, p. 23, 136.
[16] MACHADO, Carlos, Genealogias, fl. 338.
[17] IAN/TT, Registo Geral de Mercês, D. Afonso VI, Liv. 3, fl. 257.
[18] Os GONDIM, ou GODINS, como também grafaram este apelido, provêm da linhagem dos moedeiros da Casa da Moeda de Coimbra. Destes descendem os Godinez e os Rangéis. O brasão de armas dos GODINS, em Portugal e em Espanha, é: Xadrezado de ouro e vermelho, de cinco peças em faixa e seis em pala. Timbre: duas asas abertas xadrezadas do escudo.
[3] De Joana de Góis (c. 1510) desconhecemos a progenitura mas hipoteticamente poderá ser parente de um Pedro de Góis (c. 1513), morador em Óbidos, filho de Álvaro Gonçalves e de Leonor de Góis, irmão de Nuno de Góis, alcaide-mor de Alenquer, que por Carta de D. Manuel datada de 1513 teve brasão de armas. – Cfr. Visconde Sanches de Baena, Archivo Heraldico-Genealogico, V. I, p. 545.
[4] VENTURA, Maria da Graça A. Mateus, Negreiros Portugueses nas Rotas das Índias da Castela (1541-1556), «Testamento de Manuel Caldeira», p. 147.
[5] IAN/TT, Chancelaria de D. Manuel, L. 3, p. 6. – Devido à repetida existência de indivíduos homónimos nesta família, temos algumas dúvidas sobre alguns dados biográficos aqui fornecidos, para os quais desde já alertamos o leitor.
[6] IAN/TT, Chancelaria de Filipe I, L. 12, f. 129v.
[7] MATOSO, António G., Compêndio de História de Portugal, p. 283.
[8] Como consta na História trágico-marítima, uma relação de notícias de naufrágios, reunidos por Bernardo Gomes de Brito, e publicados em dois tomos em 1735 e 1736 (Cf. BRITO, Bernardo Gomes de (1688-1759), História trágico-marítima, Lisboa, Escriptorio, 1904-1909).
[9] MONTEIRO, Saturnino, Batalhas e Combates da Marinha Portuguesa, vol. IV, pp. 181-184.
[10] SALGADO, Augusto; e VAZ, João Pedro, Invencível Armada – A Participação Portuguesa, p. 51, 54.
[11] Cfr. Biblioteca da Ajuda, Cod. 51-VIII-6, n.º 514, fl. 174; e MALDONADO, Manuel Luís, Fénix Angrence, vol. III, pp. 43-44.
[12] Os CALDEIRÕES, ou CALDEIRAS, como alguns dos seu descendentes também usaram este apelido, entraram em Portugal no tempo do rei D. Manuel I. Um dos mais antigos que se conhece é Manuel Caldeirão, fidalgo da Casa Real, filho de André Álvares Caldeirão e de sua mulher e prima Brites Caldeirão, ambos naturais das Astúrias e residentes em Setúbal. Manuel Caldeirão de sua mulher D. Guiomar Caldeirão, teve quinze filhos: 1.º - Francisco Caldeirão (c. 1550), sucessor da Casa de seu pai, fidalgo da Casa Real, lente de Direito na Faculdade de Salamanca e de Coimbra, desembargador dos Agravos, c.c. D. Leonor Manuel de Noronha, sua prima, da qual teve numerosa descendência; 2.º - André Caldeirão (c. 1540), fidalgo da Casa Real e comendador de S. Fagundo, que ficou cativo em África com D. Sebastião e se resgatou à sua custa, c.c. D. Catarina da Silva (c. 1540), filha de Lopo Furtado Mendonça (c. 1500), comendador de Loulé, e de sua mulher D. Luísa da Silva (c. 1500), s.g.; 3.º - Rodrigo Caldeirão, c.c. D. Catarina de Noronha, filha de D. João de Noronha, s.g.; 4.º - Paulo Caldeirão, c.c. D. Ana de Noronha, filha de D. João de Noronha (c. 1490) e de D. Maria de Gouveia, c.g.; 5.º - João Caldeirão (c. 1520), c.c. D. Catarina Corte-Real, s.g.; 6.º - Duarte Caldeirão, capitão em Angola, s.g.; 7.º - Bento Rodrigues Caldeirão, que faleceu em Martim, Barcelos s.g.; 8.º - Duarte Caldeirão, 2.º deste nome, s.m.n.; 9.º - António Caldeirão, clérigo; 10.º - D. Brites Caldeirão (c. 1560), dama da Infanta D. Maria, c.c. Luís Mendes de Vasconcelos, filho de João Mendes de Vasconcelos (c. 1530), 3.º Morgado do Esporão, s.g. do seu casamento; 11.º - D. Leonor Caldeirão (c. 1560), c.c. Jerónimo da Veiga Cabral, fidalgo da Casa Real e senhor do morgado da Torre do Lumiar, então um arrabalde de Lisboa (tiveram Tristão Vaz da Veiga, c.c. Maria Trigueiros); 12.º - D. Filipa, freira no Convento de Odivelas; 13.º - D. Jerónima; 14.º - D. Maria Manuel; 15.º - D. Brites Caldeira c.c. João Trigueiros (c.1580). Os CALDEIRÕES usaram em Portugal e Espanha, onde o apelido é Calderon, o seguinte brasão de armas: De prata, com cinco caldeiras de negro; bordadura de vermelho, carregada de oito aspas de ouro. Timbre: uma caldeira do escudo. – Cfr. GAIO, Felgueiras, Nobiliário, Tít. «Caldeiroens», § 1, N 2, Vol. III, p. 208.
[13] Os Morgadios são uma instituição medieval que, segundo alguns autores, resultaram da fusão do Direito Romano com o dos «antigos godos». A maior parte deles foram instituídos com o fim de perpetuarem o apelido e as armas de uma família ilustre ou o nome dos fundadores, quase sempre sepultados em panteões ou capelas familiares à sua custa edificadas, com vários encargos piedosos pelas almas dos antepassados. Eram formados de um conjunto patrimonial inalienável, administrado por um usufrutuário – o morgado – que era, regra geral, o varão primogénito. Esta instituição permitia a subsistência da família com um nível económico e um estatuto social elevado, deixando os outros filhos em estado de dependência face ao chefe de linhagem. Um morgado distingue-se de uma capela devido à finalidade das funções definidas à data da sua fundação. Temos um morgado quando a maior parte do rendimento dos bens vinculados é destinado ao herdeiro, sendo a parte destinada a obrigações piedosas de um montante muito mais pequeno. Temos uma capela quando os encargos com as obras piedosas absorvem a maior parte do rendimento dos mesmos bens. Os morgadios foram definitivamente extintos por decreto de 19-V-1863, com a excepção da Casa de Bragança que durou até à implantação da República em 1910.
[14] GAIO, Felgueiras, Nobiliário, Tít. «Caldeiroens», § 1, N 2, Vol. III, p. 208.
[15] BNL, Index das Notas de Vários Tabeliães de Lisboa, Tomo 2, p. 23, 136.
[16] MACHADO, Carlos, Genealogias, fl. 338.
[17] IAN/TT, Registo Geral de Mercês, D. Afonso VI, Liv. 3, fl. 257.
[18] Os GONDIM, ou GODINS, como também grafaram este apelido, provêm da linhagem dos moedeiros da Casa da Moeda de Coimbra. Destes descendem os Godinez e os Rangéis. O brasão de armas dos GODINS, em Portugal e em Espanha, é: Xadrezado de ouro e vermelho, de cinco peças em faixa e seis em pala. Timbre: duas asas abertas xadrezadas do escudo.
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