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Morgado dos Semedo e Trigueiros / Cabreiras (Torres Vedras, 1550)

Torres Vedras, Convento da Graça
(antigo Convento de Santo António)


2.      D. FRANCISCA TRIGUEIROS (f. 1609), filha de D. Brites Trigueiros (c. 1545) e de Sebastião Semedo, foi
         moradora em Torres Vedras onde faleceu a 25-VII-1609 com testamento.
         Foi dotada por seu pai com uma terra aos «moinhos de vento» em Torres Vedras, por causa da qual teve
         posteriormente uma demanda com seu irmão António Semedo Trigueiros (c. 1541), por esta ser do seu
         morgado.
         Comprou em 1573 a D. Catarina Andrade uma terra de "azambujeiras" junto à calçada que de Torres Ve-
         dras vai para Lisboa. 
         Casou com seu parente RUI PEREIRA, já falecido em 1571.
         Tiveram:
SEMEDO
         3.      FRANCISCO PEREIRA SEMEDO (f. 1612), que segue abaixo.
         3.      JOÃO TRIGUEIROS (f. 1604), que foi morador na freguesia de Santa
                  Maria do Castelo em Torres Vedras, onde veio a falecer a 22-XI-1604
                  e «ficou por testamenteiro seu irmão Francisco Pereira Semedo». 
                  Foi moço da Câmara e recebeu a «mercê do cargo de escrivão da fei-
                  toria da fortaleza de Damão por tempo de 3 anos …» por carta régia
                  de 14-I-1568. Passou novamente à Índia em 7-III-1576, na armada ca-
                  pitaneada por Rui Lourenço de Távora[1].

3.       FRANCISCO PEREIRA SEMEDO (f. 1612), que sabemos ter falecido «às
          onze horas da noute» de 19-II-1612 na freguesia de Santa Maria do Castelo
          em Torres Vedras.
          Era moço da Câmara e foi à Índia em 1563 na nau Graça capitaneada por
          Diogo Lopes de Mesquita, integrada na frota da capitania-mor de D. Jorge
CABREIRA
          de Sousa Mesquita[2].
          Em Damão teve aforada pelo Vice-rei D. António de Noronha a renda do «patraguel»
          da aldeia de Chinchana, de 1572 a 1584[3].
          Foi senhor de escravos e cativos, os quais seguiram o seu apelido PEREIRA[4].
          Obteve brasão de armas, por carta de 14-IV-1592, com um escudo ostentando as
          armas de PEREIRA e de TRIGUEIROS, trazendo por diferença meia brica de ouro e
          nela uma merleta preta[5].
Era primo co-irmão de Sebastião Semedo Trigueiros, o qual obteve em 1597 uma carta de brasão de armas[6].
Casou com D. ISABEL CABREIRA (f. 1628), falecida a 6-VII-1628 na freguesia de Santa Maria, em Torres Vedras, a qual «fez testamento e he testamenteiro seu sobrinho Francisco Cabreira».
Tiveram:
4.    JOÃO TRIGUEIROS PEREIRA (f. 1664), que segue abaixo.
4.    JOÃO CABREIRA (f. 1606), falecido a 5-XI-1606 na freguesia de Santa Maria do Castelo, em Torres
       Vedras.
4.    FRANCISCO CABREIRA TRIGUEIROS (f. 1628), faleceu a 29-XI-1628 em Santa Maria do Castelo, em
       Torres Vedras. 

Torres Vedras, Conv. da Graça,
Claustro.
4.       JOÃO TRIGUEIROS PEREIRA (f. 1664) sucedeu na casa de seu pai e veio
           a falecer a 16-VI-1664 na freguesia de Santa Maria do Castelo, em Torres
          Vedras, onde «foi enterrado no Convento de N.ª S.ª da Graça e fez testa-
          mento e nomeou seu filho João Pereira Trigueiros por seu testamentei-
          ro».
Em 1615, juntamente com sua mulher, faz a venda de uma terra no termo da Lourinhã.
Residiu em Torres Vedras onde foi «capitão d’El Rei Nosso Senhor» (1616)[7], assim como foi mesário da Santa Casa da Misericórdia (1620), e procurador às Cortes de 1645, ano em que aí serviu de juiz.
Casou a 12-I-1608 na Igreja de Santa Maria do Castelo, em Torres Vedras, com sua prima D. ISABEL TRIGUEIROS (f. 1658), falecida a 25-VI-1658 em Torres Vedras e «sepultada no Convento de N.ª S.ª da Graça na capella de suas tias», armoriada com o brasão dos Cabreiras, por baixo do qual consta a seguinte inscrição[8]:
Capela de Maria Cabreira
(1635),
N.ª Sr.ª da Graça, T. Vedras.
                    «Esta Capella é de Maria Cabreira, e de sua irmã Camilia Froes,
                    filhas de André Cabreira e de Margarida Preta, a qual ornarm e
                    a paramentaram à sua custa de ornamento, prata, e tudo o
                    mais que para o ornato desta Capella foi necessario. E os Reli-
                    giosos deste Convento têm obrigação de dizerem para sempre
                    duas Missas quotidianas, uma pela alma de Maria Cabreira, e
                    outra pela alma de Camilia Froes, pelas quais missas deram de
                    esmolla a este Convento dois mil cruzados, com que se acabou
                    de fazer esta igreja: e deram mais 100$000 reis para as obras
                    da mesma igreja, com obrigação de os Religiosos terem a
                    alampada desta Capella acesa todos os domingos e dias san-
                    ctos; a n’esta Capella se sepultarão todos os parentes, que
                    Maria Cabreira nomear em seu testamento, conforme a escritu-
                    ra que fez nas notas de António dos Rios, aos 10 dias do mez
                    de Junho do anno de 1638».
                          (ANTT, Notariais, Torres Vedas, Tabelião António dos Rios, 10-VI-1638)
         Tiveram:
         5.       D. ISABEL CABREIRA (1609-1647), baptizada a 24-IX-1609 na Igreja de Santa Maria do Castelo, em
                   Torres Vedras, tendo por padrinhos João Pereira e Maria Cabreira.
                   Faleceu as 4-VIII-1647, «filha família» solteira, sem geração, e «está enterrada na igreja de Nossa
                   Senhora da Graça na capella de suas tias».
         5.       FRANCISCO (n. 1611), baptizado a 24-3-1611 na mesma igreja, tendo por padrinhos Pedro Leitão
                   de Góis e Catarina Serrão. Faleceu menor.
         5.       ANDRÉ (n. 1613), baptizado a 19-VII-1613 na citada Igreja de Santa Maria do Castelo, tendo por pa-
                   drinhos Acácio Botado de Almeida e Maria Cabreira.
         5.       Padre Fr. MIGUEL DA LUZ (n. 1615), baptizado a 4-IX-1615 na mesma igreja, tendo por padrinhos
                    João Pereira e Leonor Cabreira. Foi testamenteiro de sua tia Maria Cabreira, falecida em 1645.
         5.       D. FRANCISCA CABREIRA (n. 1617), baptizada a 5-X-1617 na mesma igreja, tendo por padrinhos
                    Nicolau da Franca de Brito e D. Maria, mulher de João Pereira. Aparece como madrinha em 1645. 
                   Casou com ANTÓNIO DE ALMEIDA SEIXAS, já viúvo, morador na sua Quinta de Barbas de Porco,
                   em Aldeia Galega de Merceana, Alenquer.
                   Tiveram:
                   6.      SEBASTIÃO DE ALMEIDA SEIXAS (c. 1692), teve foro de fidalgo por alvará de 30-VI-1692[9],
                             e por carta de 9-1X-1693 obteve a comenda de Nossa Senhora das Vidigueiras[10]
                             Casou com D. Inês Maria de Matos.
         5.       JOÃO PEREIRA TRIGUEIROS (1621-1672), baptizado a 22-I-1621 na Igreja de Santa Maria do Caste-
                   lo em Torres Vedras, apadrinhado por Francisco Cabreira morador em Lisboa, e Maria Trigueiros
                   Serrão moradora em Torres Vedras[11].
                   Veio a falecer tragicamente a 5-II-1672, «o qual matarão no caminho de Lisboa vindo pera sua casa
                   o dia antes que foi sexta-feira cinco do dito mes estão obrigados ao bem de sua alma seus herdei-
                   ros», e recebeu sepultura no Convento de Nossa Senhora da Graça, em Torres Vedras.
                   Foi procurador às Cortes de 1649.
                   Casou duas vezes.               
                   As suas primeiras núpcias foram celebradas a 2-VII-1640 na Igreja de Santa Catarina em Lisboa, e
                   posteriormente por bênção matrimonial oficiada a 23-II-1648 na Igreja de Santa Maria do Castelo,
                   em Torres Vedras, com D. GUIOMAR DE EGA DA CUNHA (1622-1661) que foi baptizada a 13-I-1622
                   na Igreja de São Pedro da mesma cidade, filha de António Madeira da Cunha (c. 1619), cavaleiro
                   do hábito de São Tiago, procurador às cortes de Lisboa de 1619, juiz dos Órfãos da Vila de Torres
                   Vedras (Alvará de 9-I-1641), e de sua segunda mulher D. Mariana de Sousa Sequeira. Veio a falecer
                   a 14-IX-1661 na freguesia de Santa Maria do Castelo em Torres Vedras, e «está enterrada no Con-
                   vento de N.ª S.ª da Graça». 
                   As segundas núpcias foram celebradas a 19-II-1662 na Igreja de São Tiago de Torres Vedras com
                   D. INÊS BOTELHO GALHARDO (c. 1662), natural dessa freguesia, filha de João Botelho de Lemos,
                   que foi fidalgo da Casa Real, e de sua segunda mulher D. Camila Vargas da Silva; neta paterna de
                   Fernão Botelho de Lemos e de sua mulher D. Inês Faria da Cunha; e neta materna de Jorge Godi-
                   nho de Abreu (f. 1608), falecido a 13-VI-1608) na freguesia de São Pedro de Torres Vedas, e de sua
                   mulher D. Maria Vargas da Silva. Com geração deste casamento.
                   Filhos do 1.º casamento:
                    6.      FRANCISCA (n. 1645), baptizada a 6-VII-1645 na mesma igreja, apadrinhada por Francisco
                             Cabreira e Francisca Cabreira, filhos de João Trigueiros Pereira. Faleceu menor.
                   6.       JOÃO TRIGUEIROS PEREIRA (n. 1644), baptizado a 15-V-1644 na Igreja de Santa Maria do
                             Castelo em Torres Vedras, apadrinhado por João Botado de Almeida e D. Damiana.
                   6.       ANTÓNIO (n. 1652), baptizado a 10-VI-1652 na Igreja de Santa Maria do Castelo em Torres
                             Vedras, pelo prior D. Manuel de Noronha, e apadrinhado por António de Almeida e D. Isabel,
                             filha de Rodrigo de Oliveira.
                   6.       FRANCISCO (n. 1653), baptizado a 28-III-1653 na citada Igreja de Santa Maria do Castelo, ten-
                             do por padrinho Bartolomeu Barreiros Baracho.
                   6.       D. ISABEL (n. 1656), baptizada a 24-I-1656 na mesma igreja, apadrinhada por seu avô João
                             Trigueiros, e por Rodrigo de Oliveira.
                   6.       D. FRANCISCA (n. 1657), segunda do nome, baptizada a 21-VI-1657 na mesma igreja, apadri-
                             nhada pelo juiz de Fora Manuel de Sousa, e por D. Antónia que era mulher de António de
                             Oliveira.
                   6.       D. MARIANA (n. 1658), baptizada a 6-IX-1658 Igreja de Santa Maria do Castelo em Torres Ve-
                             dras, apadrinhado por seu irmão João Trigueiros Pereira, e pela irmã do seu pai D. Maria
                             Cabreira.
                   Filhos do 2.º casamento:
                   6.       D. CAMILA (n. 1664), baptizada a 24-II-1664 na Igreja de São Tiago, em Torres Vedras, tendo
                             por padrinho o beneficiado Francisco Pereira Trigueiros. Casou com ... , filho de Constanti-
                             no Mendes «com o qual sua mãe casou também e foi 2.ª mr».
                   6.       D. JACINTA (n. 1665), baptizada a 20-VII-1665 na citada Igreja de São Tiago, apadrinhado por
                             Brás de Pina, corregedor da comarca de Torres Vedras, e por D. Joana Teresa, mulher do
                             juiz de Fora da mesma cidade.
         5.       MARIA (n. 1624), baptizada a 9-IX-1624 na mesma igreja, tendo por padrinhos Brás de Aguiar, mo-
Torres Vedras, Convento da Graça.
                   rador no lugar da Louriceira, em Torres Vedras. Faleceu menor.
         5.       D. MARIA CABREIRA TRIGUEIROS (1625-1673) que foi baptizada
                   a 29-X-1625 na citada Igreja de São Tiago em Torres Vedras, ten-
                   do por padrinhos Francisco Cabreira e D. Isabel Cabreira, sua
                   avó. 
                   Faleceu a 17-IV-1673 na freguesia de Santa Maria do Castelo, em
                   Torres Vedras, e «fez testamento e foi sepultada no Mosteiro de
                   N.ª S.ª da Graça desta ditta villa, seu marido dará conta».
                   Casou com MANUEL DE MESQUITA REBELO (f. 1696), «cristão
                   novo» que veio a falecer a 11-XI-1696 em Torres Vedras, e «fez
                   seu testamento e seu testamenteiro o beneficiado António Luís Col (…) dará conta». Sem geração.
         5.       FRANCISCO CABREIRA TRIGUEIROS SEMEDO (n. 1628), que segue abaixo.
         5.       BENTO (n. 1630), baptizado a 28-VIII-1630 na mesma freguesia, tendo por padrinho Brás de Aguiar
                   que foi morador em Torres Vedras.

5.      FRANCISCO CABREIRA TRIGUEIROS SEMEDO (n. 1628), baptizado a 6-III-1628 na Igreja de Santa Maria
         do Castelo em Torres Vedras, tendo por padrinhos Francisco Cabreira que foi comendador do hábito de
         Cristo, e Maria Cabreira moradora em Torres Vedras.
         Casou a 7-VIII-1647 na Igreja de São Tiago, Torres Vedras, com D. LUÍSA LOBO DE LEMOS SOTOMAIOR
         (c. 1647), tendo por testemunhas João Pereira, António João e Martinho da Costa. Sua mulher era filha
         de Francisco Carnide de Sotomaior, casado a 25-I-1621 na citada Igreja de São Tiago com D. Mariana
         Lobo da Costa.
         Tiveram:
         6.       JOÃO TRIGUEIROS SOTOMAIOR (1653-1729), que segue.

6.      JOÃO TRIGUEIROS SOTOMAIOR (1653-1729), baptizado a 22-IV-1653 na Igreja de São Tiago, em Torres
          Vedras, apadrinhado por seu avô materno Francisco de Carnide Sotomaior.
          Faleceu a 13-X-1729 «na Azenha das Cachouças em casa de seu genro Joseph Pinheiro de Oliveira»,
          na freguesia de São Pedro de Dois Portos, no concelho de Torres Vedras.
Foi capitão de Auxiliares, senhor da Quinta de Monte Deixo situada na freguesia de São Pedro  de Dois Portos, onde viveu por alguns anos, assim como administrador dos «Morgados dos  Semedos e Trigueiros» por demanda judicial que ganhou contra D. Catarina Maria de Figueiroa e seu marido Diogo de Vasconcelos.
Casou a 1-XII-1676 na Igreja de São Pedro, em Torres Vedras, com D. LEONOR FRANCA DA SILVA (c. 1677), natural da freguesia de Santa Maria Madalena do Turcifal.
Tiveram:
7.     CRISTOVÃO TRIGUEIROS PEREIRA (f. 1736), natural da Quinta de Monte Deixo, freguesia de São
        Pedro de Dois Portos, Torres Vedras. Faleceu a 15-I-1736 e foi sepultado no Convento de N. Sra. da
        Porta de Céu nas Telheira, em Lisboa.
        Seguiu a vida militar e a 16-X-1709 foi-lhe passada carta para Capitão de Granadeiros[12], tendo
        embarcado para o Rio de Janeiro para servir nesse cargo (1711), o qual veio posteriormente a
        abandonar, tal como o morgadio da casa paterna, para abraçar a vida religiosa com o nome de Frei
        CRISTÓVÃO DE JESUS MARIA, recolhendo-se à Seráfica Província da Imaculada Conceição onde
        se ocupou dos ofícios de arquitecto e estatuário.
7.     D. CATARINA TRIGUEIROS PEREIRA (f. 1740), natural da citada Quinta de Monte Deixo, em Dois
        Portos. Viveu na freguesia de Nossa Senhora da Purificação da vila de Aveiras de Cima.
        Faleceu a 20-VI-1740, já viúva, «em casa do Alferes Joseph Pinheiro de Oliveira, morador na Aze-
        nha das Cachouças», na citada freguesia de Dois Portos, em cuja igreja foi sepultada.
        Casou com o capitão MATIAS GIRÃO DE TORRES, de Aveiras de Cima, do qual não teve geração.
7.     D. MARIANA ANTÓNIA DE SOTOMAIOR (n. 1777), que segue abaixo.
7.     D. LEONOR JOSEFA TRIGUEIROS SOTOMAIOR (f. 1742), natural da Quinta de Monte Deixo, em
        Dois Portos. Faleceu a 9-III-1742 no lugar da Ribaldeira, em São Pedro de Dois Portos.
        Casou com MATIAS MANUEL FRANCEZ, o qual era filho do capitão Luís Francez e de sua mulher
        lher D. Francisca dos Anjos Real (f. 1740) que faleceu a 1-III-1740 no lugar da Ribaldeira.
        Seu marido casou em segundas núpcias com D. Mariana Ignácia (f. 1757), a qual veio a falecer a
        20-VII-1757 no referido lugar da Ribaldeira, e voltou a casar em terceiras núpcias com D. Joaquina
        Rosa (f. 1787), falecida a 14-VIII-1787 no mesmo lugar; ambas sepultadas na Ermida do Espírito
        Santo. Sem geração.

7.       D. MARIANA ANTÓNIA DE SOTOMAIOR (f. 1777), nasceu na Quinta de Monte Deixo, na freguesia de
          São Pedro de Dois Portos, concelho de Torres Vedras, e veio a falecer a 9-IV-1777 no lugar da Azenha
          das Cachouças.
          Casou com o alferes JOSÉ PINHEIRO DE OLIVEIRA, natural do lugar da Azenha das Cachouças, em
          Dois Portos, filho de Pedro Francisco Pinheiro (f. 1725), natural da citada Azenha das Cachouças onde
          faleceu a 26-X-1725, e de sua mulher Lourença de Oliveira (f. 1719), natural do lugar da Feiteira, fregue-
          sia de Dois Portos, e falecida a 30-VII-1719 na Azenha das Cachouças; neto paterno de João Dias e de
          sua mulher D. Maria  dos Santos.
          Tiveram:
          8.      D. PAULA (f. 1719), baptizada a 19-IV-1719 em Dois Portos, Torres Vedras, tendo por padrinho o ca-
                   pitão João Trigueiros Sotomaior, seu avô materno, e por madrinha D. Catarina Trigueiros Pereira,
                   sua tia materna e mulher do capitão Matias Girão Torres que era morador em Aveiras de Cima.
         8.      JOAQUIM JOSÉ TRIGUEIROS (1726-1788), baptizado a 11-IX-1726 em São Pedro de Dois Por-
                  tos, apadrinhado por Manuel Francisco de Dez Ovelhas, e D. Catarina Trigueiros Pereira.
                  Fez justificação de nobreza a 27-I-1758, juntamente com seu irmão Bernardo José Trigueiros
                  Pereira.
                  Foi senhor da Casa das Azenhas das Cachouças, em São Pedro de Dois Portos, onde fale-
                  ceu a 20-VIII-1788, deixando
«hum testamento de mão comum e além do ditto testamento fez huma disposição verbal na presença do Tabelião da Enxara dos Cavaleiros, Isidoro de Almeida e do Capitão Crispim Rodrigues Monteiro e José Alexandre Pinheiro e do padre Coadjutor desta freguesia, Francisco Dias Pimenta, em que nomeou para administradora de duas capellas que possuía, hua no Casal do Zambujal, junto a Mafra, e outra no sítio dos Pisões, destrito desta freguesia a sua sobrinha Dona Marianna, filha de seu irmão Bernardo José Trigueiros, já defunto e foi amortalhado no hábito de São Francisco e acompanhado de mim Párocho e mais padres desta freguesia e alguns de fora e das Irmandades e Confrarias da mesma e sepultado dentro della».
                  Casou com D. JOSEFA CAETANA DA COSTA MALHEIROS (f. 1786), falecida a 26-VII-1786 no
                  lugar da Azenha das Cachouças, e «fez testamento solemne de mão comum com o ditto seu
                  Marido e delle consta que se digão por cada hu trinta missas e trinta pellas almas de seus
                  pais e foi amortalhada no hábito de São Francisco, acompanhada de mim Parocho e mais
                  padres desta freguesia e da do Sobral de Monte Agraço e Irmandades e Confrarias desta
                  igreja e dentro nella sepultada». Não teve geração.
         8.      BERNARDO JOSÉ TRIGUEIROS PEREIRA (c. 1758), que segue.

8.      BERNARDO JOSÉ TRIGUEIROS PEREIRA (c. 1758), natural do lugar da Azenha das Cachouças,
         freguesia de Dois Portos, onde residiu. Foi capitão de Auxiliares.
         Fez justificação de nobreza a 20-VIII-1758, juntamente com seu irmão Joaquim José Trigueiros,
         pelo que lhe foi passada carta de brasão de armas a 2-XII-1758 com um escudo esquartelado de
         PINHEIROOLIVEIRAPEREIRA, e TRIGUEIROS.
         Na mesma carta de brasão se declara que os seus antepassados
                  «procedem de António Trigueiros [f. 1545?], cavalleiro castelhano, que veio a este reino com
                  a rainha D. Maria, segunda mulher do rei D. Manuel, por seu trinchante, a quem o mesmo rei
                  fez fidalgo e a seus filhos, e d’elle procedem n’este reino todos os d’este appelido»[13].
         Casou com D. MARIANA ROSA DA SILVA BRAGA (f. 1774), que veio a falecer a 26-I-1774 no lugar
         de Azenha das Cachouças, em São Pedro de Dois Portos.
         Tiveram:
                   9.      FRANCISCA (f. 1777), falecida de menor idade a 1-V-1777 no lugar da Azenha das Cachouças,
                            em Dois Portos.
                   9.      D. MARIANA ROSA SOTOMAIOR TRIGUEIROS, que segue.

 9.      D. MARIANA ROSA SOTOMAIOR TRIGUEIROS, que ficou herdeira de seu tio Joaquim José Trigueiros
          (1726-1788), que vai acima, pelo que deve ter sucedido nos «morgados dos Semedos e Trigueiros».
Casou com LINO CAETANO DOS REIS BRANCO, filho de Francisco dos Reis Branco e de sua mulher D. Francisca Maria da Conceição.
          Tiveram:
          10.     MARIA (n. 1792), baptizada a 10-I-1792 na Igreja de São Pedro de Torres Vedras.

v
Doc:

«Sentença Cível de Justificação de Nobreza de Bernardo José Trigueiros Pereira [c. 1758]
 e seu Irmão Joaquim José Trigueiros [1726-1788]»

«Dom José por graça de Deos Rei de Portugal e dos Algarves daquém e dalém Mar em África Senhor da Guiné e da Conquista Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e da Índia. A todos os Corregedores, Provedores, Ouvidores…»
«Brazam // Portugal Rey de Armas Principal de El Rey Nosso Senhor. Faço saber a quantos esta minha carta de Brasam de Armas de Nobreza digna de fé e crenssa virem que Sebbastiam Semmedo Trigueiros, Mosso da Camera do ditto Senhor, morador na villa de Torres Vedras, me pedio e requereo que porquanto elle descendia por linha direita legitimma sem bastardia por parte de seu pay António Semmedo Trigueiros e de sua May Izabel Rodrigues Pereira e de sua Avó Beatriz Alves Pereira e de Seus Bisavós das gerassoins e linhagens dos Trigueiros Pereiras que nestes Reinos sam Fidalgos de Cota de Armas e os Pereiras do Sollar conhecido como constava do Instromento authorizado que apresentava que lhe desse hum Escudo com as Armas que a ditta linhagem pertencem e a elle direito por lhe pertencerem devia trazer dellas uzar e gozar das honras e liberdades e mais diga que por bem da nobreza dellas gozarem seus antepassados pelo que provendo o seu requerimento por virtude do que constava do ditto Instromento como o poder e authoridade que de meu officio para isso tenho busquei os livros da nobreza da nobre Fidalguia do Reino que em meu poder estam acho nellas que as Armas que as dittas linhagens pertencem serem estas que com esta lhe dou emluninadas, o escudo esquartelado ao primeiro dos Trigueiros e ao segundo dos Pereiras, e assim os contrarios com mais seu paquife, elmo com timbre de Pereiras e por diferença huma meya brica de ouro e nella huma Estrella azul que com ella pois lhe pertencem segundo regimento da Armaria deve trazer para assim dever dellas usar. Rrequeiro às Justissas da corte do ditto Senhor e por bem do officio da nobreza guardem ao Supplicante … concedidas as dittas Armas ellas deichem pessuir nos autos em que a nobreza dellas dá lugare por verdade lhe passei esta de certidam em lisboa por mim assignada aos dezanove dias do mes de Dezembro Diogo de São Romam o fiz no Anno do Nascimento de Nosso senhor Jesus Cristo de mil quinhentos e setenta e sette. Portugal, pp. Rey de Armas //».
«Saibam quantos este Instromento com dittos de testemunhos dados por mandado e authoridade de justissa virem que no anno do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil quinhentos e setenta e sette annos aos vinte e seis dias do mes de Janeiro nesta villa de Torres Vedras e pouzadas de mim Tabelliam ao diante nomeado pareceu Sebbastiam Semmedo morador na ditta villa e me deu a petição digo me deu huma petissam com hum despacho em ella posto do licenciado Diogo de Macedo de Albuquerque Juiz de Fora pella Infanta Donna Maria Nossa Senhora e comessada por El Rei Nosso Senhor a qual petissam e despacho se segue Pedro Gomes Tabelliam escrevi // Senhor. Sebbastiam Semmedo, morador nesta villa faz saber a vossa mercê  que  a elle lhe he necessario fazer certo em como elle he filho legitimo de Antonio Semmedo outrosim morador nesta villa já defunto e assim como o ditto seu Pay era filho legitimo de Sebastiam Semmedo Avô delle suplicante e que outrossim o ditto Sebbastiam Semmedo seu Avô for a homem dos principaes em geraçam e fidalguia desta terra e se tratara sempre como homem nobre e fidalgo e como tal for a tido e havido nomeado e servira a El Rey Nosso Senhor em Azamor com Armas e cavalos, e em sua casa tinha sempre cavallos na Estrebaria e se servira com homens e mossos e mouriscos em suas estribarias  assim se tratara e fôra outrosim havido publicamente por todos e outrosim o dito Antonio Semmedo Pay do suplicante fôra hum Homem que outrosim viveo muitos annos casado nesta villa e sempre se tratara com hum cavallo na estrebaria e armas se servira com homens e mossos que o serviam e negros em sua estrebaria isto como homem nobre e fidalgo e por tal fora tido havido e nomeado elle Sebastião Semmedo filho e netto dos dittos António Semedo e Sebastiam Semmedo foi e he homem que sempre se tratou como homem nobre e fidalgo com cavalo na estrebaria  com Armas e homens e mossos que o serviam e assim lhe he necessário fazer certo em como em Portugal não há geração de homem que tenha o sobrenomme nem se chamem Semmedos somente nesta villa que foram os dittos Pay e Avô delle suplicante de quem atras se faz menção e em Niza villa de Alentejo e em mais lugares alguns do ditto Alentejo os quais sam parentes delle suplicante e como taes se tem e sam tidos e sam outrosim homens nobres e fidalgos e como o abito parte delle e se tratam e se trataram os mortos com cavallos e armas e mossos que os serviram e por taes sam tidos e havidos e conhecidos e outrosim lhe he necessário justificar em comno Geraldo Sem Pavor foi o que tomou Évora em tempo de Mouros sendo ella delles e foi o primeiro cappitam que a cidade de Évora teve christam por merce que El Rey disso fez pela tomar e que deste Geraldo Sem Pavor descende a ditta geração dos Semmedos que sam elle suplicante e os dittos seus Paes e Avós e os dittos seus parentes e contheúdos nesta petiçam e assim he notório e o sabrem muitas pessoas pelo assim ouvirem dizer e ser publica voz e fama e de a vossa mercê que pello conhecido nesta petiçam lhe mande perguntar as testemunhas que apresentar…»
«Saibam quantos este instrumento de … virem que no Anno do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil e quinhentos e quarenta e cinco annos aos doze dias do mes de Dezembro do ditto anno na villa de Torres Vedras nas casas de morada de Sebastiam Semmedo Cavaleiro da Casa del Rei Nosso Senhor estando ahi em presença de mim Tabellião e das testemunhas ao diante nomeadas o ditto Sebastiam Semmedo e sua mulher Beatriz Trigueiros de huma parte e bem assim Alvaro Froes, pedreiro, e sua mulher Isabel Dias, moradores no lugar de Louriceira, termo da ditta villa…»
«Saibam quantos este este instrumento e quitação virem que no anno do nascimento de Nosso senhor Jesus Christo de mil quinhentos e setenta e hum annos aos dezasseis dias do mes de Novembro nesta villa de Torres Vedras nas casas de morada de Francisca Trigueira, dona viúva mulher que foi de Ruy Pereira que Deos tem estando ella ditta Francisca Trigueiros assistindo em huma parte e bem assim de outra Sebbastiam Semmedo, Mosso da Camera de El Rei Nosso Senhor morador nesta villa e por elles partes foi dito que António Semmedo que Deos haja Pay delle Sebastiam Semmedo  trouxera demanda com ella Francisca Trigueira e com o dito seu marido sobre huma terra que está aos moinhos de vento, comarqua desta villa que parte de huma banda com  terra de …que o ditto António Semmedo demandou por ser do seu Morgado a qual terra lhe fora dotada por Sebastiam Semedo Pay della Francisca Trigueira e elle António Semmedo fôra  fiador ao ditto dote na qual demanda fôra dada sentença na Relaçam que a dita terra fôra julgada por do dito Morgado e que o ditto Rui Pereira e ella Francisca Trigueiras sua mulher estivessem de posse della athé se pagar sua vallia e hora elle dittpo Sebastiam Semmedo e ella Francisca Trigueira traziam outra demanda perante o Juiz dos Orfãos».
« … mostrasse pello Author instituir Martim Simoens huma Capella com obrigassoins de missa na Prochial de Sam Pedro desta villa, com vincullo das fazendas que se mostram da certidam do Tombo que suposto não conste do ditto vincullo por instituição se … da certidão folhas vinte e huma serem as dittas propriedades por taes julgadas e pessuidas de tempo immemoriavel mostrasse mais que segundo tradiçam antiga sempre pessuida por Semmedos Trigueiros que se presume serem do sangue do Instituidor pella administraçam há mais de duzentos annos a esta parte porquanto a lograra em sua vida Sebbastiam Semmedo cazado com Beatriz Trigueiros de quem nasceo António Semmedo Trigueiros e Francisca Trigueira do qual Antonio Semmedo Trigueiros e deste seu filho Braz de Aguiar Semmedo, que foi pay de José Semmedo pessuidores todos da ditta capella. Mostrasse mais que por nam ficarem filhos ou descendentes directos do ditto José Semmedo se extinguiu a linha de successão e se devia continuar na transversal da dita Francisca Trigueiros filha do primeiro Sebbastiam Semmedo em que elle author tinha o primeiro lugar por ser terceiro netto da ditta Francisca Trigueiros que foi casada com Rodrigo Pereira de quem nasceu Francisco Pereira Semmedo e deste Joam Trigueiros Semmedo que gerou Francisco Cabreira Semmedo que foi Pay delle author que he o parente mais chegado do último pessuidor José Semmedo e que por taes se trataram sempre entre si os Semedo de Trigueiros tanto assim que Braz de Aguiar Pay do ditto José de Semmedo publicava que falecendo a sucessam de seu filho José Semmedo passava a ditta cappela a João Trigueiros Pereira, Avô delle Author e que na mesma forma se tratam por primos com elle e o ditto seu Pay Francisco Cabreira Semmedo, o Padre António dos Anjos e Anna Travassos sua Irmam publicando a mesma sucessão mostrase mais nam pertender ostar administraçam da ditta cappela por nam serem do sangue do instituidor nem terem parentesco com o último pessuidor pella parte dos Semmedos Trigueiros pello que devem ser condemnados a largarem com os frutos da morte do administrador em thé real emtrega visto se obrigar o reo a satisfaçam dellas quando entrou na ditta posse por parte do reo se alegar ser instituída a ditta capella pelo ditto Martim Simoens de que por se dizer ser perdida a instituiçam se deve definir a sucessam della segundo a ley do reino e o parente mais chegado do sangue do instituidor allega-se mais que passados muintos annos entrou na posse da dita cappela Bartholomae de Aguiar que teve por filhos Sebastiam Semmedo e Isabel de Aguiar Leitoa e que por obito do ditto Sebastiam Semmedo sucedera nella seu filho Braz de Aguiar que foi pay de José Semmedo e por este fallecer sem sucessão passava a ditta cappela à linha transversal que continuou Isabel de Aguiar Leitoa, filha do ditto Bartolomeu de Aguiar da qual nasceu Catarina de Trigueiros de Aguiar que teve por filho Joam Trigueiros Rego Pay e sogro dos Reos pelo que conforme o direito lhe pertence a administraçam da ditta cappela de que está de posse o que tudo … e o mais dos autores diz por isso de direito neste cazo e como se nam duvide serem os ditos bens da capella instituida por Martim Simoens possuidor como vincullo e não haver instituiçam e sera acatada a sua sucessam por linha directa na pessoa de José Semmedo se deve continuar a sucessão della conforme o direito e lei do reino no parente mais chegado do ultimo possuidor do sangue do instituidor e como se presume ser do dito sangue o primeiro Sebastiam Semmedo pois se conservará na sua descendência a administraçam desta cappela  de tempo immemoriável athe ao fallecimento de José Semmedo seu terceiro netto e pello author se prova ser parente em grao conhecido o ditto José Semmedo  ultimo pessuidor . Porquanto com os mesmos.»

«José de Affonseca e Lemos que vive de sua fazenda morador junto a Irmida de Sam Pedro de Dous Portos termo da villa de Torres Vedras de idade que disse ser de noventa annos testemunha jurada aos santos Evangelhos sob cargo do qual o dito enqueredor lhe encarregou dicesse a verdade do que soubesse e lhe foi perguntado sobre o conteúdo na petiçam dos suplicantes e perguntado pelo costume e cousas delle dise nada e perguntado elle testemunha pelo conteúdo escrito e declarado na petiçam dos suplicantes Joaquim José Trigueiros e seu irmão Bernardo José Trigueiros Pereira disse que sabe e he verdade de que conhece muito bem os suplicantes serem naturaes da freguesia de São Pedro de Dous Portos termo de Torres Vedras que sam filhos legitimos do Alferes José Pinheiro de Oliveira e de Donna Marianna Antónia Sotto Maior e sabe que sam netos pella parte paterna de pedro Francisco e de Lourença de Oliveira e Bisnetos de Joam Dias e de Maria dos Santos que todos elle testemunha conheceo muito bem muitos annos todos da dita comarca de Torres Vedras e da mesma forma sabe que sam nettos pella parte materna do Cappitam João Trigueiros Soutto Mayor e de Donna Leonor Franca da Silva o qual Cappitam Joam Trigueiros conheceo ser filho de Francisco Cabreira Semmedo e de Luiza Loba de Lemos Soutto Mayor e sabe pello ouvir dizer ser netto de Joam Trigueiros Pereira e de sua mulher e Prima Isabel Trigueiros e sabe pello ouvir dizer a seus pais e avós ser o sobreditto bisneto de Francisco Pereira Semedo Primo inteiro de Sebbastiam Semmedo Trigueiros digo de Sebbastiam Trigueiros Semedo e de sua mulher Isabel Cabreira e Terceiro neto de Francisca Trigueiros e de seu marido Rodrigo Pereira e sabe e he verdade que toda esta familia dos Trigueiros e Semmedos e das mais nomeadas na dita petiçam sempre se trataram cavalheiramente com armas, criados e cavallos e nas casas que tinham em Torres Vedrtas na quina dellas estava exposto o Brazam das suas Armas e como cavalheiros sempre foram tidos e havidos sem razão alguma de infecta nação e mais não disse da ditta petissam…».

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Agradecimentos:
Deve-se a elaboração deste trabalho à informação recolhida em vários autores, dos quais destacamos pela valia dos seu estudos sobre as famílias de Torres Vedras: o Dr. Rogério de Figueiroa Rego, e seu neto o Dr. João Figueiroa Rego; duas referências incontornáveis para o estudo da heráldica e da genealogia desta região do país.
O maior e mais difícil dos contributos, foi certamente o hercúleo trabalho de levantamento dos registos paroquiais desta família, que se ficou a dever ao estimado Padre António Júlio Limpo Trigueiros, genealogista de créditos firmados e com obra publicada, o qual tem dedicado grande atenção à investigação genealógica da família Trigueiros.
A todos eles, aqui deixamos expressa a nossa imensa gratidão.
J.T.
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Notas:

[1]    ANTT, Chancelaria de D. Sebastião e D. Henrique, L. 22, fl. 25.
[2]    A nau Graça perdeu-se na barra de Goa devido ao excesso de carga. – Cfr. BA, Cód. 51-VII-5, fl. 18v.
[3]    MATOS, Artur Teodoro de (Dir.), Tombo de Damão – 1592, p. 191-192, 412.
[4]    Dos quais achamos nos registos de óbito de Torres Vedras: 1. Henrique Pereira «escravo cativo» de Francisco Pereira Semedo, falecido a 15-V-1607; 2. Domingas Trigueira, «escrava» de Francisco Pereira Semedo, falecido a 4-IX-1608; 3. Leonor Pereira, serva de Francisco Pereira Semedo, falecido a 4-III-1611, e «hera hirmã dos padres pobres e elles lhe fizeram bem pella alma»; 4. Ângela Pereira, escrava de Isabel Cabreira, falecida a 16-V-1621.
[5]    BORREGO, Nuno Gonçalo Pereira, Cartas de Brasão de Armas, Colectânea (Lisboa, Guarda-Mor, 2003), p. 169.
[6]   Conforme se declara na carta de brasão de armas de Bernardo José Trigueiros Pereira (c. 1756), passado a 2-XII-1758, registado no Cartório da Nobreza, Livro particular, fl. 119.
[7]   REGO, Rogério Figueiroa, Alguns Sumários da Notas de Vários Tabeliães da Vila de Torres Vedras nos séculos XVI a XVIII, Vol. I (Lisboa, Associação dos Arqueólogos Portugueses, 1973), p.101.
[8]    É a Capela do Santo Cristo, armoriada com o brasão dos CABREIRA: escudo com duas cabras no meio e, por orla, seis cruzes florenciadas (Pereiras) e entremeadas com seis castelos com ameias. O timbre é uma serpente com a cauda enrolada. – in. CARVALHO, Adão, Memórias de Torres Vedras, p. 85.
[9]    ANTT, Registo Geral de Mercês de D. Pedro II, Liv. 7, fl. 225v.
[10]  ANTT, Registo Geral de Mercês de D. Pedro II, Liv. 7, fl. 225v e 464.
[11]  Estes TRIGUEIROS SERRÃO, em gerações anteriores andaram na Índia como prova uma laje sepulcral que se encontra na capela-mor da Igreja de Santo António da fortaleza de Baçaim (a actual Vasai-Virar), cuja inscrição já danificada leva à seguinte leitura: «SEPVLTVRA DE / SALVADOR SE(R)RAO FILHO DE / GOMEZ SER(R)AO / DE TOR(R)ES VEDRAS / E SEVS ERD/E(I)ROS / EM Q(V)E IA(Z) / ANTONIO TRIG(V)IEIRO / SEV IRMÃO / (.) FA(LECEO) (.) DE SETE(M)BRO DE 7».
Quanto à data final pode ser 1607, 1707, ou 157(?), sendo esta última data a mais provável segundo alguns epigrafistas. Cfr. FERNANDES, Brás, Armas e Inscrições do Forte de Baçaim (Lisboa: Academia Portuguesa de História, 1998), pp. 125, 194. – Baçaím foi um antigo porto no extremo sul de uma ilha, a cerca de 50 quilómetros ao norte de Bombaim, no noroeste da Índia. Foi parte integrante do Estado Português da Índia entre 1533 e 1739.
[12]   ANTT, Registo Geral de Mercês, D. João V, Liv.4, fl. 323 v.
[13]   Carta de brasão passada a 2-XII-1758, registado no Cartório da Nobreza, Livro particular, fl. 119.

Stº António de Baçaim,
sepulturas de portugueses.





Baçaím, porta de entrada.















JOÃO TRIGUEIROS, Torres Vedras (c. 1580)



1.    JOÃO TRIGUEIROS (c. 1545), natural de Torres Vedras, era filho de ANTÓNIO TRIGUEIROS (f. 1545?), fidalgo castelhano que passou a Portugal em Outubro de 1500 no séquito da infanta D. Maria (1482-1517), filha dos Reis Católicos e segunda mulher de D. Manuel I[1], o qual serviu como escrivão de cozinha e moço de câmara os reis D. Manuel I e D. João III[2], e de sua mulher D. JOANA DE GÓIS (c. 1510)[3]

A 30-VI-1545, na sua casa de Torres Vedras e na presença de sua mãe Joana de Góis, então viúva, foi lavrado o documento que instituiu a «Capela de António Trigueiros e Joana de Góis, e seus herdeiros» para sepultura destes na Colegiada de São Pedro de Torres Vedras.
Cavaleiro professo da Ordem de Cristo[4], escrivão dos Contos e Almoxarifados da Beira no reinado de D. Manuel I[5]. Serviu muitos anos na Índia e foi nomeado juiz da Alfândega de Goa por três anos[6]. Capitaneou, sucessivamente, as naus São Francisco (1583-1584), São Filipe (1586-1587) e São Cristóvão (1591-1593).
Como capitão da nau São Francisco largou o Tejo com destino à Índia em 8-IV-1583, integrado numa armada de 5 naus e 1 galeão sob as ordens do capitão-mor António de Melo e Castro. As outras naus eram capitaneadas por Fernão da Veiga, Baltasar Marcos, Estevão Alvo, e Manoel de Medeiros. 
Ao comando da nau São Filipe fez parte de outra armada que partiu de Lisboa a 12-IV-1586, sob o comando do capitão-mor D. Jerónimo Coutinho. As outras naus eram capitaneadas por Miguel de Abreu, António Gomes de Góis, Francisco Cavalheiro, João Gago de Andrade, e quase todas tiveram trágicos destinos, quer por excesso de carga quer por condições de tempo adversas.
A nau de João Trigueiros desgarrou-se desta esquadra, como tantas vezes sucedia, e chegou isolado a Moçambique já fora da época de passar à Índia. Em Moçambique foi decidido carregar os seus porões com a valiosa carga que aí se encontrava, proveniente da São Lourenço capitaneada por Reimão Falcão que naufragara no regresso da Índia.
Sir Francis Drake (1540-1596)
No ano seguinte (1587) inicia a viagem de retorno que ficou registada na história naval devido ao facto de ter combatido sozinho uma armada de nove barcos inimigos comandados pelo famoso corsário inglês Francis Drake (1540-1596)
Avistado e cercado ao largo dos Açores, apesar de à partida saber que seria vencido devido à grande desigualdade de meios, ofereceu com a artilharia de que dispunha uma tenaz resistência. Esta não evitou ao fim de algumas horas de combate com vários mortos e feridos a tomada e o saque das riquezas transportadas pela nau São Filipe, as quais foram levadas para Londres e aí renderam 108.049 libras[7]
A galhardia com que se bateu, juntamente com toda a tripulação, levou Drake a tratá-lo com alguma dignidade, deixando partir os portugueses com tudo o que pudessem levar no corpo e cedendo-lhes um patacho com o qual se dirigiram à ilha Terceira nos Açores.

Drake, ao tomar a nau São Filipe e em relação à sua tripulação, «deo liberdade que de seus caixões levassem o que sobre suas pessoas pudessem de vestidos, e que se lhe não impedisse, e assim houve homem, que sobre si levou dous vestidos, e pedraria, e outras couzas, e até colchas e alcatifas tiraram em voltas en escravos, e quando desembarcaram na Ilha Terceira de uma urca, em que mandou lançar a gente, ataviada de todo o necessário, não pareciam roubados, senão que desembarcavam da sua nao com muito gosto; posto que o capitão João Trigueiros não quiz sahir senão com o seo vestido do mar, de panno de Portugal…»[8].


«Tendo deixado Plymouth a 12 de Abril de 1587, Drake dirigiu-se para a costa portuguesa, provavelmente na intenção de fazer presas nas imediações de Lisboa e do cabo de São Vicente e em Junho ir para os Açores esperar os navios vindos das Américas e das Índias. (…) Em finais de Junho, tomou o rumo dos Açores. A nau São Filipe, de que era capitão João Trigueiros, fizera parte da armada da Índia de 1586. (…) Tendo saído de Moçambique em finais de Dezembro, só em princípios de Julho do ano seguinte conseguiu esta alcançar os Açores. Certa manhã, encontrando-se um pouco a norte da ilha de São Miguel, foram avistadas no horizonte nove velas que, de imediato, a começaram a perseguir. Tratava-se, nada mais, nada menos, do que o grosso da armada de Drake que acabava de chegar aos Açores e a quem a Fortuna oferecia de mão beijada uma nau que vinha antes do tempo, sozinha e carregada de riquezas! Apesar da desproporção das forças, João Trigueiros mandou ocupar os postos de combate e preparou-se animosamente para fazer frente aos inimigos que, a breve trecho, reconheceu serem ingleses, conforme, de resto já devia suspeitar. Dispondo de navios mais ligeiros, foram-se aqueles chegando até ao alcance de tiro e, perante a recusa da nossa nau em amainar, abriram fogo. Várias horas, deverá ter durado o duelo de artilharia com evidente superioridade dos ingleses, tanto pelo número e pela qualidade das peças de que dispunha como também pela perícia com que as usavam. A nau portuguesa ficou com o aparelho destroçado e sofreu vários mortos e feridos. Entre os mortos figurava o mestre, o que teve consequências funestas, porque desmoralizou os marinheiros, passando a manobra da nau a fazer-se de uma forma errática. Quanto ás baixas e aos estragos que os navios de Drake possam ter sofrido, nada se sabe. Por fim, vendo João Trigueiros o seu navio praticamente paralisado e que os ingleses não se dispunham a abordá-lo, antes continuavam a bombardeá-lo incessantemente, provocando-lhe cada vez mais estragos e baixas, entendeu que nada mais havia a fazer e decidiu render-se. Em resultado da galhardia com que os portugueses se haviam batido, apesar de à partida saberem que seriam vencidos, Drake tratou-os bem e cedeu-lhes mesmo um patacho em que pudessem seguir viagem para Lisboa. De posse da São Filipe, resolveu aquele, prudentemente, dar por findo o cruzeiro aos Açores e regressar sem mais delongas a Inglaterra. (…) A chegada da São Filipe a Plymouth encheu de assombro os Ingleses, não só pelo valor da carga que transportava mas também pelas suas dimensões e pela excelência da sua construção. Para cúmulo da satisfação dos captores, haviam sido encontradas a bordo da nau portuguesa documentos onde eram descritos em pormenor os complicados mecanismos do nosso comércio no Oriente. Terá sido da sua leitura que terá nascido na mente dos comerciantes ingleses a ideia de também mandarem lá navios, o que viria a acontecer alguns anos mais tarde»[9].
 
Em Maio de 1588 acha-se no galeão São Bernardo, ao comando de uma companhia de 190 homens, com o qual integra a malograda expedição da Armada Invencível que se dirige a Inglaterra[10].
Alguns anos depois, capitaneando a nau São Cristóvão, juntou-se a mais outra armada de 5 naus e 1 galeão que demandaram a Índia em 4-IV-1591, tendo por capitão-mor Fernão de Mendonça Furtado. Os outros capitães eram Simão Vaz Telo, António Teixeira de Macedo e Julião de Faria. A viagem de retorno foi iniciada em 17-VII-1592, sendo a sua nau a única que chegou a salvo a Lisboa, tendo as outras desaparecido ou sido tomadas de assalto pela armada Inglesa.
A 20-II-1613 é nomeado por Carta de Sua Majestade ao bispo D. Pedro de Castilho, para o ofício de Provedor da Fazenda nas Ilhas dos Açores onde tratou da reedificação da Vila da Praia, na Ilha Terceira, após o terramoto de 24-V-1614[11].
Casou com D. BRITES DIAS CALDEIRA, filha bastarda de Manuel Caldeirão (f. 1593)
[12], o qual desenvolveu uma intensa actividade mercantil e financeira no domínio do comércio de escravos, tendo sido tesoureiro-mor dos almoxarifados do Reino, feitor de D. João III, cavaleiro da Ordem de Cristo (1565), fidalgo da Casa Real (1589), «cujo foro lhe deu o Rey Felipe segundo por elle se obrigar a por correntes todos os annos cinco naos p.ª a india dando-lhe 40 mil cruzados … e 16 m. cada anno», e foi morgado da Caldeira[13], vínculo que instituiu em 1592 com algumas casas nobres que possuía na Rua da Caldeira, na freguesia de Santa Catarina, em Lisboa[14].
Filhos[15]:
2.   MIGUEL TRIGUEIROS (c. 1617)[16], mamposteiro-mor da Rendição dos Cativos da Ilha de São Miguel, nos
      Açores, por Carta de 20-VI-1657[17]
      Casou a 12-IV-1617 na Igreja Matriz de Ponta Delgada com D. CLARA GONDIM DA SILVEIRA, natural da ci-
      dade Ponta Delgada, na Ilha de São Miguel, nos Açores; filha de Domingos de Aguiarcavaleiro-fidalgo, e
       de D. Isabel Gondim da Cunha[18]. Tiveram geração.
2.   D. MARIA TRIGUEIROS (c. 1636). Casou com seu primo TRISTÃO VAZ DA VEIGA CABRAL (c. 1525), 2.º
      Senhor do morgado da Torre do Lumiar, então um arrabalde de Lisboa, capitão de uma companhia de
       Ordenanças de Lisboa, o qual foi à Índia em 1525 capitaneando a nau Santa Maria.
2.   D. ANTÓNIA TRIGUEIROS (c. 1640).
2.   LOPO TRIGUEIROS (c. 1604), natural de Lisboa, casado com D. ANTÓNIA DE ABREU. Em 1604 morava na
      Quinta da Macheia, junto a de Matacães, concelho de Torres Vedras.


 _________

Notas:

[1] D. Manuel I (1469-1521) fez três casamentos: o 1.º, em 1497, com D. Isabel de Castela (f. 1498), que morreu de parto; o 2.º, em 1500, com D. Maria de Castela (f. 1517), irmã da sua primeira mulher, que o monarca foi esperar à vila de Alcácer do Sal, onde esta princesa entrou a 30-X-1500, tendo falecido com 35 anos de idade; e o 3.º, em 1518, com D. Leonor de Espanha (f. 1521), filha de Filipe I, de Castela, e da rainha D. Joana, sua cunhada. Do 2.º casamento teve nove filhos, dos quais foram reis D. João III, o cardeal D. Henrique, e a imperatriz D. Isabel que casou em 1526 com Carlos V.

[2] Era escrivão de cozinha de D. Manuel I (in IAN/TT, Moradias da Casa Real, Mç 2, Liv. 1, p. 12 v.) e moço de câmara de D. João III (Ibid., Mç 4, L. 4, p. 208).

[3] De Joana de Góis (c. 1510) desconhecemos a progenitura mas hipoteticamente poderá ser parente de um Pedro de Góis (c. 1513), morador em Óbidos, filho de Álvaro Gonçalves e de Leonor de Góis, irmão de Nuno de Góis, alcaide-mor de Alenquer, que por Carta de D. Manuel datada de 1513 teve brasão de armas. – Cfr. Visconde Sanches de Baena, Archivo Heraldico-Genealogico, V. I, p. 545.

[4] VENTURA, Maria da Graça A. Mateus, Negreiros Portugueses nas Rotas das Índias da Castela (1541-1556), «Testamento de Manuel Caldeira», p. 147.

[5]  IAN/TT, Chancelaria de D. Manuel, L. 3, p. 6. – Devido à repetida existência de indivíduos homónimos nesta família, temos algumas dúvidas sobre alguns dados biográficos aqui fornecidos, para os quais desde já alertamos o leitor.

[6] IAN/TT, Chancelaria de Filipe I, L. 12, f. 129v.

[7] MATOSO, António G., Compêndio de História de Portugal, p. 283.

[8] Como consta na História trágico-marítima, uma relação de notícias de naufrágios, reunidos por Bernardo Gomes de Brito, e publicados em dois tomos em 1735 e 1736 (Cf. BRITO, Bernardo Gomes de (1688-1759), História trágico-marítima, Lisboa, Escriptorio, 1904-1909).

[9] MONTEIRO, Saturnino, Batalhas e Combates da Marinha Portuguesa, vol. IV, pp. 181-184.
[10] SALGADO, Augusto; e VAZ, João Pedro, Invencível Armada – A Participação Portuguesa, p. 51, 54.

[11] Cfr. Biblioteca da Ajuda, Cod. 51-VIII-6, n.º 514, fl. 174; e MALDONADO, Manuel Luís, Fénix Angrence, vol. III, pp. 43-44.

[12] Os CALDEIRÕES, ou CALDEIRAS, como alguns dos seu descendentes também usaram este apelido, entraram em Portugal no tempo do rei D. Manuel I. Um dos mais antigos que se conhece é Manuel Caldeirão, fidalgo da Casa Real, filho de André Álvares Caldeirão e de sua mulher e prima Brites Caldeirão, ambos naturais das Astúrias e residentes em Setúbal. Manuel Caldeirão de sua mulher D. Guiomar Caldeirão, teve quinze filhos: 1.º - Francisco Caldeirão (c. 1550), sucessor da Casa de seu pai, fidalgo da Casa Real, lente de Direito na Faculdade de Salamanca e de Coimbra, desembargador dos Agravos, c.c. D. Leonor Manuel de Noronha, sua prima, da qual teve numerosa descendência; 2.º - André Caldeirão (c. 1540), fidalgo da Casa Real e comendador de S. Fagundo, que ficou cativo em África com D. Sebastião e se resgatou à sua custa, c.c. D. Catarina da Silva (c. 1540), filha de Lopo Furtado Mendonça (c. 1500), comendador de Loulé, e de sua mulher D. Luísa da Silva (c. 1500), s.g.; 3.º - Rodrigo Caldeirão, c.c. D. Catarina de Noronha, filha de D. João de Noronha, s.g.; 4.º - Paulo Caldeirão, c.c. D. Ana de Noronha, filha de D. João de Noronha (c. 1490) e de D. Maria de Gouveia, c.g.; 5.º - João Caldeirão (c. 1520), c.c. D. Catarina Corte-Real, s.g.; 6.º - Duarte Caldeirão, capitão em Angola, s.g.; 7.º - Bento Rodrigues Caldeirão, que faleceu em Martim, Barcelos s.g.; 8.º - Duarte Caldeirão, 2.º deste nome, s.m.n.; 9.º - António Caldeirão, clérigo; 10.º - D. Brites Caldeirão (c. 1560), dama da Infanta D. Maria, c.c. Luís Mendes de Vasconcelos, filho de João Mendes de Vasconcelos (c. 1530), 3.º Morgado do Esporão, s.g. do seu casamento; 11.º - D. Leonor Caldeirão (c. 1560), c.c. Jerónimo da Veiga Cabral, fidalgo da Casa Real e senhor do morgado da Torre do Lumiar, então um arrabalde de Lisboa (tiveram Tristão Vaz da Veiga, c.c. Maria Trigueiros); 12.º - D. Filipa, freira no Convento de Odivelas; 13.º - D. Jerónima; 14.º - D. Maria Manuel; 15.º - D. Brites Caldeira c.c. João Trigueiros (c.1580). Os CALDEIRÕES usaram em Portugal e Espanha, onde o apelido é Calderon, o seguinte brasão de armas: De prata, com cinco caldeiras de negro; bordadura de vermelho, carregada de oito aspas de ouro. Timbre: uma caldeira do escudo. – Cfr. GAIO, Felgueiras, Nobiliário, Tít. «Caldeiroens», § 1, N 2, Vol. III, p. 208.

[13] Os Morgadios são uma instituição medieval que, segundo alguns autores, resultaram da fusão do Direito Romano com o dos «antigos godos». A maior parte deles foram instituídos com o fim de perpetuarem o apelido e as armas de uma família ilustre ou o nome dos fundadores, quase sempre sepultados em panteões ou capelas familiares à sua custa edificadas, com vários encargos piedosos pelas almas dos antepassados. Eram formados de um conjunto patrimonial inalienável, administrado por um usufrutuário – o morgado – que era, regra geral, o varão primogénito. Esta instituição permitia a subsistência da família com um nível económico e um estatuto social elevado, deixando os outros filhos em estado de dependência face ao chefe de linhagem. Um morgado distingue-se de uma capela devido à finalidade das funções definidas à data da sua fundação. Temos um morgado quando a maior parte do rendimento dos bens vinculados é destinado ao herdeiro, sendo a parte destinada a obrigações piedosas de um montante muito mais pequeno. Temos uma capela quando os encargos com as obras piedosas absorvem a maior parte do rendimento dos mesmos bens. Os morgadios foram definitivamente extintos por decreto de 19-V-1863, com a excepção da Casa de Bragança que durou até à implantação da República em 1910.

[14] GAIO, Felgueiras, Nobiliário, Tít. «Caldeiroens», § 1, N 2, Vol. III, p. 208.

[15] BNL, Index das Notas de Vários Tabeliães de Lisboa, Tomo 2, p. 23, 136.

[16] MACHADO, Carlos, Genealogias, fl. 338.

[17] IAN/TT, Registo Geral de Mercês, D. Afonso VI, Liv. 3, fl. 257.

[18] Os GONDIM, ou GODINS, como também grafaram este apelido, provêm da linhagem dos moedeiros da Casa da Moeda de Coimbra. Destes descendem os Godinez e os Rangéis. O brasão de armas dos GODINS, em Portugal e em Espanha, é: Xadrezado de ouro e vermelho, de cinco peças em faixa e seis em pala. Timbre: duas asas abertas xadrezadas do escudo.

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